FILOSOFIA COMO TERAPIA: CONSIDERAÇÕES SOBRE O ENSAIO SOBRE AS DOENÇAS MENTAIS E ANTROPOLOGIA DE UM PONTO DE VISTA PRAGMÁTICO

Victor Sávio de Oliveira Tavares

PPGF-UFS


Abstract

Em suas considerações sobre os distúrbios mentais presentes nas obras Ensaio sobre as doenças mentais (1764) e Antropologia de um ponto de vista pragmático (1798), Kant propõe que a filosofia seja considerada em seu caráter terapêutico no tratamento dessas enfermidades, visto que a mesma se incube de classificar e analisar as nossas operações mentais, portanto, em lugar privilegiado no que concerne os transtornos da mente. O Ensaio e a Antropologia introduzem concepções próprias de como a filosofia pode ser encarada como alternativa para se lidar com as enfermidades da mente: enquanto no Ensaio sobressai uma visão somatista, em que a medicina toma a dianteira no tratamento dessas doenças, já que Kant, em consonância coma a medicina da época, considera a sua origem no sistema digestivo, a filosofia é encarada como apaziguadora dos efeitos mais nocivos que essas enfermidades poderiam ter, atuando como auxiliadora da medicina no combate aos distúrbios mentais; já na Antropologia, ressalta-se uma aproximação racionalista, a filosofia é a principal alternativa no combate às doenças mentais, capaz de expurgar as tendências degenerativas da mente em seu início, pois, a filosofia promove a exposição e o debate dos raciocínios humanos, retirando-os de seu senso privado, muito mais propenso à doença, e colocando-os em um senso comum, no qual é proporcionado um encontro entre as diversas possibilidades de ideias, possibilitando, assim, um redirecionamento de pensamentos, impedindo que evoluam para um estágio de doença.

 

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