HUME COMO SOLUCIONADOR DE DISPUTAS: DA LIBERDADE E DA NECESSIDADE
Kamilee Lima
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
Keywords: Hume, liberdade, necessidade, controvérsia
Abstract
Tal artigo tem como objetivo fazer uma breve análise da Seção VIII do livro Investigação sobre o entendimento humano do autor David Hume. Nesta Seção, Hume se dedica a explicar sobre a doutrina da liberdade e da necessidade, demonstrando que nós sempre a aceitamos e que, na verdade, o que existia era uma simples controvérsia quanto aos significados dos termos empregados. Diante deste embate, o filósofo coloca como meta o esclarecimento dos conceitos de liberdade e necessidade, para que assim se possa chegar a uma solução da divergência.
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References
“[...] podemos definir uma causa como sendo um objeto, seguido por outro, e onde todos os objetos semelhantes ao primeiro são seguidos por objetos similares ao segundo.” (HUME, 1998, p.76).
Se um viajante, ao regressar de um país distantes, nos trouxesse um relato de homens inteiramente diferentes de alguém com que alguma vez nos familiarizamos, homens que fossem totalmente despojados de avareza, ambição ou vingança, que não conhecessem outro prazer a não ser a amizade, a generosidade e a dedicação à causa pública, imediatamente detectaríamos, a partir destas circunstâncias, a falsidade e far-lhe-íamos ver que era um mentiroso, com a mesma certeza como se ele tivesse entremeado a sua narração com histórias de centauros e dragões, milagres e prodígios. (HUME, 1998, p. 84)
Parece, pois, que os homens começam pelo lado errado da questão acerca da liberdade e da necessidade, ao ingressarem nela através do exame das faculdades da alma, da influência do entendimento e das operações da vontade. Discutam primeiro uma questão mais simples, a saber, as operações do corpo e da matéria bruta não inteligente, e experimentem se podem formar alguma ideia de causação e necessidade, exceto a de uma constante conjunção dos objetos, e a subsequente inferência da mente de um para o outro. (HUME, 1998, p. 91)