A INEFICÁCIA DA PALAVRA NA SIGNIFICAÇÃO E OSTENSÃO DA COISA: UMA REFLEXÃO A PARTIR DO DE MAGISTRO DE AGOSTINHO DE HIPONA
Ronny Dennyson Monteiro Santana
GT/ANPOF
Resumen
: A presente comunicação propõe uma reflexão acerca do valor cognitivo da palavra
no pensamento filosófico de Agostinho de Hipona no seu célebre diálogo De Magistro. Tal
investigação parte da suspeição de que a linguagem verbal não dá a conhecer aquilo que as
coisas significam, tão pouco mostra a coisa significada. Para Agostinho, pronunciar uma
palavra é emitir um estímulo sensível que não produz na mente do ouvinte nem o conhecimento
do sinal nem o conhecimento da coisa significada. Ou seja, a opacidade da palavra é a fonte de
sua ineficácia cognitiva. Por essa razão, a favor do conhecimento das coisas, está o
conhecimento prévio dos sinais. Logo, desprovida de eficácia cognitiva a respeito da realidade
significável, a palavra, enquanto sinal, não produz o conhecimento da realidade se este não for
previamente dado. Com efeito, as palavras são sinais, mas elas não possuem nenhuma força
constitutiva de conhecimento, antes, a sua função consiste unicamente em lembrar ou admoestar
a memória. Se as palavras ficam aquém de dar a conhecer os seus significáveis, bem como a
ostensão das coisas, como explicar a força de admoestação que lhes reconhece? O De Magistro
se caracteriza por ser uma obra fecunda sobre a relação linguagem e conhecimento,
apresentando a necessidade de uma mediação interior como solução de seus problemas.