O ENSINO DE FILOSOFIA NOS IFS A PARTIR DA EXPERIÊNCIA NO CAMPUS SIMÕES FILHO- BA
Rodrigo Oliveira de Araújo
Resumen
Desde a reforma do Ensino Médio, instituída pela lei federal 13 415 de 2017 pelo então Presidente Michel Temer, circulava a ideia, legalmente garantida, de que o Ensino Médio Integrado dos Institutos Federais permaneceria incólume ao novo projeto de ensino. No entanto, o que se viu de lá pra cá foi uma série de medidas econômicas e mesmo judiciais que empurrou os diversos campi a operarem uma reforma interna que tem alterado a paisagem do ensino em suas unidades. Dentre os principais impactos observados até aqui, a redução da carga horária de algumas disciplinas tem se apresentado como um imperativo para que seja possível conciliar a integração das chamadas matérias propedêuticas com o ensino profissionalizante. O presente trabalho reflete particularmente sobre as condições do ensino de Filosofia a partir da proposta de reforma de 4 para 3 anos no Ensino Médio Integrado no Instituto Federal da Bahia – campus Simões Filho (Bahia). Filosoficamente, partimos da ideia kantiana de que o trabalho filosófico é crítico, no sentido de uma limitação dos seus territórios, uma limitação das suas pretensões. O que significa dizer que adotamos a modéstia de que filosofar é assumir a forma do ensaio diante dos problemas filosóficos fundamentais numa recusa da impostura totalizante. O ensino de filosofia, portanto, na medida em que se mostra possível, assume essa premissa, digamos, fraturada. Em primeiro lugar, defendemos a carga horária mínima de 100 minutos semanais de aula durante os três anos de formação; no primeiro ano devem ser apresentados os Problemas Fundamentais de Filosofia – Lógica, Ontologia, Teoria do Conhecimento e outros tópicos estruturantes da investigação filosófica devem ser ofertados de forma introdutória. A genealogia histórica dos problemas não é indispensável aqui, mas seu rigor lógico, sim; no ano seguinte, o segundo ano, o programa deve se adequar aos cursos ministrados no campus e pode ser chamado de Aproximações Filosóficas. Em cursos de caráter técnico, por exemplo, a Filosofia da Técnica e a Epistemologia devem ser trabalhadas para subsidiar a compreensão e o aprendizado em sua área de formação, assim como a Estética deve ser enfatizada quando houver um curso na área das artes e assim por diante. É importante que se procure ministrar conteúdos filosóficos que se afinem com o curso profissionalizante ofertado; por fim, o terceiro e último ano deve ser ministrado a partir da Pesquisa em Filosofia do docente. Numa instituição que prima pelo tripé Ensino/Pesquisa/Extensão é necessário que o discente acesse ao que de mais sofisticado o docente tenha a oferecer, a saber o itinerário de sua atual pesquisa em Filosofia. A ideia aqui é aproximar o estudante do filosofar propriamente dito ao lhe expor a técnica de investigação filosófica, seu método e resultados alcançados mediante a formulação do discurso filosófico. Assim, temos a seguinte configuração para a Filosofia no Ensino Médio Integrado: 1º ano: Problemas Fundamentais de Filosofia; 2º ano: Aproximações Filosóficas; 3º ano: Pesquisa em Filosofia.