O ENSINO DE FILOSOFIA NA PERSPECTIVA MULTIEPISTEMOLÓGICA

Autores

  • Valmir Pereira

Resumo

Sabe-se que o Ensino de Filosofia no Brasil está fundamentado no eurocentrismo, em conformidade com o que estabelece o Cânone Filosófico, expressando a ideia de que só existe uma filosofia. Em sentido oposto, este estudo discute e propõe o Ensino de Filosofia com diferentes abordagens, trazendo fontes de diversos lugares para dialogar sobre a mesma temática. Desse modo, nossa proposta de ensinar filosofia, só tem sentido se for multiepistemológica. Um dos exemplos da filosofia eurocêntrica difundida no Brasil é ensinar os mitos a partir daquele continente, desprezando os mitos locais e regionais. Do ponto de vista da nossa proposta, devemos colocar os diferentes mitos para que os estudantes possam comparar o que existe lá e cá e sua riqueza epistemológica. Assim, quando a abordagem se referir a criação do mundo, se a tradição apresenta Zeus, temos Tupã e Oxalá. Quando o tema tratar da sabedoria, a tradição tem Atena e nós temos Sumé e Xangô. Se a tradição apresenta Poseidon como divindade das águas, nós temos Iara e Iemanjá. Nesse preciso sentido e direção, a proposta em tela tem como objetivo trazer outras vozes e outras epistemologias para o Ensino da Filosofia. Esta abordagem vai aos poucos descolonizando o currículo eurocentrado e abrindo novas perspectivas para uma filosofia pluriversal, diminuindo os epistemicídios filosóficos e ao mesmo tempo, ampliando a presença dos saberes dos povos originários e afrodiaspóricos na filosofia ensinada no Brasil. Dessa forma, essa pesquisa desenvolve estudos bibliográficos de filósofos e filósofas brasileiros/as sobre descolonização Curricular, Filosofia Brasileira, Patriarcado, Racismo na Filosofia, Epistemicídio Filosófico e Ancestralidade. Assim, o objetivo central desta proposta é apresentar como essas temáticas podem descolonizar o Ensino de Filosofia no Brasil, promovendo um pensamento mais significativo para os desafios contemporâneos. O resultado do estudo aponta uma produção em que as temáticas abordadas e discutidas no âmbito da Filosofia Brasileira Contemporânea não excluem todos os aspectos do pensamento eurocêntrico, mas que no diálogo podem conviver a partir da inserção de outras vozes e outras filosofias nos currículos. A emergência dessas temáticas é parte da história contemporânea do Brasil, e, portanto, não deve ser negada, mas incluída no processo de formação docente, para que as futuras gerações olhem para frente e pensem desde o Brasil, aqui e agora.

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Publicado

2024-07-22