v. 11 n. 02 (2020): Jul - Dez 2020: Revista Cadernos do Tempo Presente

O ano de 2020 foi atípico e turbulento. Até o momento, devido à pandemia de COVID-19, foram registradas mais de 1,6 milhões de mortes ao redor do mundo e quase 200 mil só no Brasil. Ao lado de tantas perdas, observamos instituições consolidadas e cientistas serem atacados por setores da sociedade civil e por políticos que deveriam manter a integridade da pesquisa no país. Diante desse cenário, mantemos o compromisso com a ciência e lançamos mais uma edição, a última de 2020, na esperança que o próximo ano nos traga boas novas.
Abrindo a edição temos o artigo de José D’Assunção Barros, que contribui ao nos apresentar aspectos básicos da operação historiográfica. É um texto que reafirma a importância dos métodos científicos e como a escrita da história é baseada em princípios capazes de comprovar sua eficiência. Assim, o autor explana a importância das fontes no trabalho do historiador. Seguindo essa abordagem no campo da Teoria da História, Carlos Barros estuda os conceitos de nação, nacionalismo e identidade através da perspectiva marxista. Portanto, é um texto que nos ajuda a pensar questões do presente, como “o problema nacional”, em um contexto de globalização e fronteiras “flexíveis”, por meio de uma linha conceitual datada desde o século XIX. Uma reflexão que demonstra como o passado não passou.
Para além destas reflexões mais abstratas, mas ainda no campo da História do Tempo Presente, em diálogo com o Ensino de História e a História Digital, Andreza S Cruz Maynard apresenta resultados das atividades realizadas com o uso do aplicativo Instagram no ano letivo de 2019, com alunos e alunas de 9º ano e 3º ano, do Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Sergipe. A autora promoveu a participação dos discentes nas aulas através dessa ferramenta digital. Enquanto isso, no campo político, Carolina Dantas de Figueiredo estuda as manifestações pró-impeachment no Brasil em 2016. Através da bibliografia especializada e da análise de notícias da mídia, a autora procura observar a presença do “mito da ausência de liderança” nessas manifestações públicas.
Em seguida, ainda adotando uma abordagem política, Wallace de Moraes analisa a Era Vargas para demonstrar como nela se pode observar uma Plutocracia Corporativista Estatal. O autor investiga como este contexto se configurou em um ambiente de lutas sociais perpassado por interesses não somente do Estado, mas também de trabalhadores e empresários. Por outro lado, em uma perspectiva da História Agrária, Indaia Dias Lopes investiga o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, no período de 2009 a 2017. A autora reflete sobre os impactos da Lei nº 11.947/2009, responsável por determinar parte dos recursos do PNAE a agricultura familiar.
Por fim, fechamos os trabalhos de 2020 com duas resenhas. A primeira é de Thaís da Silva Tenório sobre o quadrinho “Battlefields – As Bruxas da Noite: Campos de Batalha”, lançado no Brasil em 2016. A segunda, é de Lorena Silva Santos sobre o livro “O Direito Achado na Rua: Concepção e Prática”, organizado por José Geraldo de Sousa Júnior.
Desejamos a todos e todas boa leitura e um bom 2021.
As (os) Editoras (es).