No. 04 (2011): 4ª Edição, continuamos a caminhar... - ISSN 2179-2143
Revista Interdisciplinar de História
Grupo de Estudos do Tempo Presente - UFS
Edição nº04, julho de 2011
Os Cadernos do Tempo Presente chegam ao seu quarto número em um momento muito especial para o Grupo de Estudos do Tempo Presente. Entre 02 e 04 de junho, o GET teve a oportunidade de realizar o seu primeiro evento nacional. O Seminário “Visões do Mundo Contemporâneo: a Segunda Guerra Mundial”, contou com convidados de três regiões do país e foi um sucesso em números e nos resultados obtidos. Foram cerca de 150 inscritos, quase 40 comunicações científicas apresentadas, 2 minicursos, 3 conferências e duas mesas – redondas. Tudo isto com acompanhado de uma empolgação e solidariedade entre os integrantes do nosso Grupo e os alunos do PET História que impressionaram aqueles que participaram do evento.
Porém, além dos números positivos acima indicados, o evento gerou outros produtos importantes: além de um DVD - produzido em qualidade High-Definition - da conferência de abertura do evento, proferida por Francisco Carlos Teixeira da Silva (UFRJ), é importante salientar a imensa troca entre os nossos alunos e os professores convidados como Antônio Clarindo Barbosa (UFCG), Márcia Ramos (UDESC), Ana Paula Parlamartchuk (UFAL), Andreza Maynard (PPGH/UNESP) e Karl Schurster (PPGHC/UFRJ). Lembramos ainda o lançamento da coletânea “Populares na Cidade: vivências de trabalho e lazer”, do professor Antônio Clarindo, que deverá ganhar uma resenha em nosso próximo número e do site http:www.memoriasegundaguerra.org, projeto desenvolvido no GET e apoiado pela FUNARTE. Assim, em um mês tão importante para nós, o lançamento desta quarta edição amplia a nossa satisfação com os rumos tomados pelo Grupo. Completa a nossa série de boas novas a inserção de mais um membro em nosso Conselho Consultivo. A partir desta edição, a professora Lidia Oliveira Silva (do Departamento de Comunicação e Artes da Universidade de Aveiro e do Centro de Estudos das Tecnologias e Ciências da Comunicação) passa a ser uma das nossas avaliadoras.
Falando especificamente desta edição, comecemos pela capa. Sim, pois sabemos o poder que as imagens têm. Ao pensarmos a nossa capa, resolvemos optar por uma montagem. A idéia inicialmente pensada trazia uma cena clássica, presente em livros didáticos e exposições. Nela, em plena Times Square, no dia 14 de agosto de 1945, um marinheiro beija carinhosamente a enfermeira Edith Shain em meio às comemorações pelo fim da Segunda Guerra. Porém, outro registro, este muito mais recente, acabou ganhando destaque e foi inserido. Em 16 de junho de 2011, durante o caos provocado por torcedores na final da NHL, em Vancouver, um casal se beija plena uma guerra urbana. Na verdade, nem mesmo o fotógrafo que captou a cena tem certeza disto, ele não sabe aquilo que exatamente registrou, pois a garota poderia ter sido atingida e estava sendo socorrida. Ainda assim, o gesto de carinho,a ternura em meio aos gritos de torcedores enlouquecidos e policiais avançando, é tocante. Em ambos o caso, a intolerância e o ódio entre os seres humanos se mostra eclipsado pela beleza de um simples ato. Entre os dois registros, um de meados do século XX e ou outro desta segunda década do XXI, há ressonâncias animadoras. Por sua vez, a intolerância, a Segunda Guerra Mundial, a violência e as dificuldades de conviver com o outro são alguns dos temas que estiveram presentes em nossos trabalhos nestes últimos meses, da mesma forma que perpassam os textos selecionados para este novo número.
Esta edição é aberta com uma entrevista com Luiz Bernardo Pericás. O autor de “Os Cangaceiros” (Boitempo, 2010) fala da sua trajetória acadêmica, do seu mais recente livro. Pericás reforça a importância do rigor na condução de pesquisas historiográficas e revela alguns aspectos dos seus outros trabalhos.
O primeiro artigo,de Ana PaulaPalamartchuk,evidencia como alguns dos principais literatos brasileiros do século XX - Jorge Amado, Graciliano Ramos, Raquel de Queiroz, José Lins do Rego e Aníbal Machado – vivenciaram os anos das Guerras Mundiais. A partir de uma obra coletiva, o curioso livro Brandão entre o mar e o amor, a autora destaca e de um engajamento político indisfaçável e intelectuais que acabaram situando na cultura o elemento articulador dos seus papeis sociais.
Também abarcando os dias de conflito, Antônio Manoel Elíbio Júnior, investiga a gestão do Embaixador José de Paula Rodrigues Alves na Argentina entre 1938-1944. Através de fontes epistolares, o autor observa as interpretações do missivista quanto à participação do Brasil e da Argentina na Segunda Guerra. O artigo chama a atenção para uma leitura em perspectiva múltipla do campo político das relações internacionais na América do Sul. Os três artigos seguintes abordam a cibercultura e atos de intolerância em torno dela.
A Internet, apesar das aparências, já possui uma longa história. Este ambiente tão sedutor tem momentos da história da sua criação observados no artigo de Dilton Maynard. Logo em seguida, Gabriel Gernot Sachs analisa o fenômeno dos usos da Internet por grupos de extrema-direita europeus. Luyse Moura, por sua vez, se concentra em tais apropriações da cibercultura em grupos sul-americanos, sobretudo no Brasil e no Chile.
A Internet também é alvo de preocupações do medievalista Bruno Gonçalves Alvaro, queanalisa a sua utilização da Intrnet nos estudos medievais no Brasil. O autor demonstra como a Web tem ajudado aos pesquisadores da Idade Média seja, por exemplo, através da ampliação de acesso documental, pelo contato rápido com outros pesquisadores e instituições da Europa ou pelo acesso às revistas internacionais.
O texto de Andreza Maynard contempla uma efeméride sergipana neste mês de junho. Trata-se da revolta tenentista de 1924. Estudando as intrigas militares, a autora explora certos aspectos das comemorações que lembram o levante liderado por quatro tenentes. A naarrativa nos leva a uma história de esforços por esquecimento e por lembrança, por lutas pela memória e pela produção de imagens públicas.
O nosso quarto exemplar traz ainda a resenha da mais recente versão em português da obra “O Dezoito de Brumário”, de Karl Marx, feita por Fábio Maza. Também ganham destaque as análises dos livros “Voz na Luz: psicanálise e cinema”, de Dinara Machado Guimarães,porCristhiane do Nascimentoe “O livro didático de história: políticas educacionais, pesquisa e ensino”, organizado por Margarida Dias Oliveira e Maria Inês Stamatto, em resenha de Mislene Vieira dos Santos.Há ainda a análise fílmica de “X-Men: First Class”, por Clara Almeida, que ressalta a atualidade da Guerra Fria no cinema hollywoodiano.
Eis o número quatro dos Cadernos do Tempo Presente. Agradecemos a todos que têm nos enviado seus textos e divulgado a nossa publicação. Esperamos continuar a ampliar o nosso número de leitores e colaboradores. Boa leitura a todos!
Os Editores