“Coronacrise”: reflexões sobre alguns efeitos necropolíticos de/em uma pandemia e os desafios para as Ciências Humanas e Sociais em Saúde
DOI:
https://doi.org/10.21669/tomo.vi39.14929Palavras-chave:
Covid-19, Necropolítica, Saúde, Marcadores sociais de diferença, Ciências humanas em saúdeResumo
Ao sermos interpelados/as pelo atual cenário político-pandêmico e diante de um quadro tão incerto quanto o que vivemos, somos desafiados/as a refletir não apenas sobre os “limites”, mas também sobre as “possibilidades” inauguradas em tempos de crise. Assim, num movimento de disputa crítica e analítica frente aos inúmeros eventos do presente, buscamos, a partir de uma perspectiva transdisciplinar e em
diálogo com autores e autoras que versam sobre as (bio)políticas contemporâneas, tecer breves considerações sobre os efeitos necropolíticos da crise da Covid-19 no Brasil. A partir de um levantamento bibliográfico e da análise de algumas notícias, concluímos que, se a pandemia é um problema de todos/as, a lógica necropolítica em curso no Brasil faz com que ela incida, principalmente, sobre sujeitos e coletivos atravessados por marcadores sociais de diferença, colocando-se como desafio para as ciências humanas e sociais que têm acionado toda uma expertise na área da saúde para refletir e contribuir diante desse contexto.
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