UMA VISÃO SOCIOLINGUÍSTICA DO OBJETO DIRETO ANAFÓRICO
O CONDICIONAMENTO DA VARIÁVEL ESCOLARIDADE
DOI:
https://doi.org/10.51951/ti.v12i26.p74-86Palavras-chave:
Fala de Salvador. Objeto direto anafórico. Sociolinguística. Clítico. Escolaridade.Resumo
Este artigo analisa o uso variável de um fenômeno do português falado, a retomada anafórica do objeto direto de terceira pessoa, com base na Teoria Variacionista (ou Sociolinguística Quantitativa). São quatro as estratégias possíveis de retomada anafórica do objeto direto: a) o clítico acusativo; b) o pronome lexical; c) o objeto nulo ou categoria vazia; d) o sintagma nominal anafórico. Para o desenvolvimento da pesquisa, o corpus utilizado é oriundo de dados reais de fala de quarenta e oito informantes soteropolitanos extraídos de entrevistas do banco de dados do PEPP – Programa de Estudos sobre Português Falado em Salvador e de dezoito informantes do NURC – Projeto Norma Urbana Culta, sendo analisados os três níveis de escolaridade (fundamental, médio e superior) dos informantes. Definiu-se como objetivo entender o efeito da escolarização na escolha da variante entre os entrevistados. Com a análise dos dados, percebeu-se que os clíticos estão cada vez mais padecendo no português do Brasil, os pronomes lexicais, mesmo sendo estigmatizados socialmente, e o sintagma nominal anafórico são mais usados que os clíticos recomendados pela tradição gramatical. Já o objeto nulo demonstra ser preferência na retomada anafórica dos informantes investigados, demonstrando que essa variante não é combatida pela escola.
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