AS LÍNGUAS E SEUS LUGARES NAS FRONTEIRAS: DESAFIOS DA FORMAÇÃO DE PROFESSORES EM CONTEXTOS MULTILÍNGUES
DOI:
https://doi.org/10.51951/ti.v12i25.p124-140Palavras-chave:
línguas; fronteiras; políticas linguísticas.Resumo
A intensa circulação e mobilidade populacional que se verifica em regiões de fronteiras nacionais resultam na configuração de espaços de grande diversidade linguístico-cultural. Esses se constituem como ambientes plurilíngues em que os sujeitos desenvolvem e lançam mão de repertórios plurais, em razão das vivências, oportunidades e situações de interação em diferentes línguas, nos mais variados domínios. Diante dessa realidade, a ideologia da consolidação de territórios nacionais monolíngues coincidentes com territórios político-administrativos dos Estados e de todo o conjunto de conhecimentos que deriva dessa orientação se vê desafiada pelo inevitável fluxo de pessoas e suas línguas pelas fronteiras. Nesses contextos, os lugares oficiais das línguas, bem como seus estatutos nas políticas linguístico-educacionais colidem com os diferentes lugares que as línguas ocupam nas práticas linguísticas cotidianas. Este texto, que se inscreve no escopo da Política Linguística, visa discutir a relação entre os lugares estabelecidos para as línguas oficialmente e institucionalmente no âmbito da educação, no contraponto com os lugares que as línguas ocupam nas práticas cotidianas. Trata-se de tecer reflexões sobre os desafios da formação inicial e da docência em contextos em que línguas e fronteiras se (des)encontram.
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