O horror em “Morto não fala”
da literatura para a tela
DOI:
https://doi.org/10.51951/ti.v14i30.p114-128Palavras-chave:
Literatura. Cinema. Horror. Estudos Culturais.Resumo
O presente artigo objetiva analisar o horror social presente no conto Morto não fala, de autoria de Marco de Castro, e em sua respectiva adaptação cinematográfica, do diretor Dennison Ramalho, ao mesmo tempo em que se busca perceber suas semelhanças e diferenças narrativas. Para tal, parte-se do campo dos Estudos Culturais, compreendendo o potencial representacional e pedagógico presente em ambos os artefatos culturais. Em termos metodológicos, se adota uma postura transmetodológica, com usos da análise cultural, análise do discurso, metodologia visual crítica e da etnografia em tela. Nota-se a íntima e rica relação entre literatura e cinema, tão prolífica a ponto de possibilitar reflexões e lições no tocante à problemáticas sociais contemporâneas. A adaptação de Morto não fala caminha lado a lado com o conto em muitos aspectos, embora diferencie-se em outros pontos e mesmo transcenda em determinadas questões desenvolvidas de forma mais profunda. Em termos narrativos, e pensando os elementos presentes em ambos, percebe-se uma similaridade, além disso, ambos se enquadram como pertencentes ao gênero do horror. De modo geral, pode-se conceber que ambos se apresentam como ricos, pois, a partir de seu horror, propõem percepções e reflexões sobre nós mesmos e sobre o mundo que nos rodeia.
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