AS DOZE CORES DO VERMELHO: A DENÚNCIA DO ANTIECOLÓGICO
Abstract
Numa leitura do romance As doze cores do vermelho (1989), da escritora baiana Helena Parente Cunha, será evidenciado o dilema procriação/criação que emerge como conflito central na obra: a protagonista, uma inominada pintora, tem que escolher entre a arte ou a vida doméstica, pois se depara, a todo o momento, com os obstáculos a ela impostos por “tecnologias de gênero”, que a induzem ao desempenho de papéis predeterminados, como o de mãe e de esposa. Impossibilitada pelo sistema familiar de conciliar arte e maternidade, precisa optar entre a expressão pela arte e seu reconhecimento no âmbito público (espaço da criação), e a maternidade (espaço da procriação). Desse modo, ao retratar uma luta entre os papéis impostos pelo sistema vigente e a busca da realização por meio da arte, Helena Parente Cunha expõe, para análise, o modelo rígido, essencialista e antiecológico de estrutura familiar, que ainda vigora na atualidade.