Sobre nobreza e sacrifício na era do niilismo: Uma releitura do capítulo “O que é nobre?” de Nietzsche
Mariana Lins Costa
PPGF-UFS
Abstract
Palavras-chave: Nietzsche; nobreza; sacrifício; sofrimento; escravidão
Segundo René Girard, Nietzsche teria sido responsável por uma descoberta fundamental: na paixão de Dionísio e na paixão de Jesus há a mesma violência coletiva (GIRARD, 2001, p. 172). Apenas, o significado seria diferente, pois o mito dionisíaco aprova o sacrifício e o cristão rejeita. Conforme a anotação em que está condensada esta descoberta: “Dioniso versus o ‘Crucificado’: aí tendes vós a antítese. Não é uma diferença no que toca ao martírio [...] o problema é o do sentido do sofrimento: se é um sentido cristão ou um sentido trágico”. Sob o sentido cristão, o sofrimento é objeção à vida, fórmula para a sua condenação. Sob o trágico, o ser é sagrado o suficiente para justificar ainda uma monstruosa quantidade de sofrimento. “O homem trágico”, diz o filósofo, “afirma até o mais dilacerador dos sofrimentos”, o “cristão nega até o quinhão de maior felicidade na terra” (NIETZSCHE, 1967, p. 543).