ESCLARECIMENTO, VIRTUDE, FELICIDADE EM DIDEROT: ARTE E EDUCAÇÃO
Christine Arndt De Santana
Résumé
O que se pretende neste minicurso é apresentar a relação necessária entre a Arte e a Educação no pensamento do autor do Sobrinho de Rameau, com a finalidade de demonstrar o quão importante foi este tema e como ele não somente está presente como é recorrente no conjunto dos escritos diderotianos. Para que seja possível compreender tal relação, é imprescindível, em um primeiro momento, a compreensão acerca da mudança de paradigma ocorrida no “Século da pedagogia”, partindo da educação proposta pelos Jesuítas ao projeto de educação encampado pelos Philosophes, para que se possa debruçar, após o entendimento sobre esta mudança de perspectiva na educação, no pensamento pedagógico de Diderot, tendo como norte para esta análise o Plano de uma Universidade, que expõe as características e os princípios diretores da instrução pública. Em um segundo momento, analisar-se-á o porquê da necessidade de se sacrificar a bela página à bela ação, quando se pretende colocar a moral em prática, assim como o Realismo avant la lettre em Diderot e as implicações geradas a partir disso: “Seria melhor dar-lhe exemplos que definições”. Ou seja, analisar-se-á o Elogio a Richardson e as Conversas sobre o Filho Natural, duas poéticas que estão a serviço da relação necessária anunciada acima, para que se possa compreender o motivo que levou o filósofo aqui analisado a escrever poéticas. A arte é um instrumento eficaz na formação do ideal humano, pensado no século XVIII por alguns dos Philosophes. Diderot, ao indicar a necessidade de tornar as artes mais próximas da “verdade da natureza”, isto é, ao encampar mudanças via as poéticas e os textos literários e dramatúrgico que escreveu, tendo como finalidade tornar as artes mais realistas, mais próxima dos leitores/espectadores, pretende fazer com que as artes possibilitem a formação do ser humano esclarecido e virtuoso, ou seja, aquele instruído nas ciências e dotado de valores morais que o orientem em suas ações. Nesse sentido, Diderot pretendeu, ao encampar as reformas que revolucionaram, no que respeita a este minicurso, a Literatura e o Teatro em sua época, estabelecer a união das qualidades do esclarecido (sábio) e as qualidades do virtuoso (bom) em um mesmo ser humano, pois, assim, formar-se-ia um ser esclarecido. Ao pensar sobre o Esclarecimento e em como alcançá-lo, o Philosophe entende que as artes possuem um poder pedagógico eficaz pois possibilita consolidar uma educação estética, única capaz de unificar as duas qualidades - do esclarecido e do virtuoso - em uma mesma pessoa.