ARTICULANDO CURRÍCULO, PRÁTICA E CULTURA: EXIGÊNCIAS FORMATIVAS QUE IMPACTAM A ESCOLARIZAÇÃO DE MULHERES NEGRAS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO
DOI:
https://doi.org/10.20952/revtee.v12i31.10678Palavras-chave:
Ensino superior, Escolarização de mulheres negras, Práticas curriculares.Resumo
Este artigo objetiva refletir os impactos das práticas curriculares na escolarização de mulheres negras no Ensino Superior. Entendemos que a prática de uma educação que atende às várias culturas permite que, tanto educandos quanto educadores reflitam padrões hierárquicos e opressivos das relações de poder preconizados pelos modelos curriculares e práticas que valorizam os sistemas eurocêntricos e colonialistas. Assim, é imprescindível articular os elementos epistêmicos de subjetivação da mulher negra, estruturados nas relações entre gênero, raça e classe, tendo como plataforma de estudo as práticas curriculares no campo empírico de investigação. A metodologia se baseia na perspectiva relacional de Bourdieu; fez-se uso da entrevista semiestruturada e da revisão bibliográfica. Conclui-se que as práticas curriculares, muitas vezes oportunizaram caminhos para um movimento excludente, o que contribuiu para que as estudantes se sentissem pré-julgadas, descaracterizando, assim, as adversidades ao invés de promovê-las. As estudantes negras ressignificaram suas subjetividades ao reafirmar, como ato político, a vontade de permanecerem na universidade. E assim seguem resilientes e se (re) construindo.
Downloads
Referências
ABRAMOWICZ, Anete; BARBOSA, Lucia Maria de Assunção; SILVÉRIO, Valter Roberto (Org.). Educação como prática da diferença. Campinas, SP: Armazém do Ipê (Autores Associados), 2006.
AMADO, João; FERREIRA, Sónia. A entrevista na investigação educacional. In: AMADO, João (Coord.). Manual de investigação qualitativa em educação. Imprensa da Universidade de Coimbra, Portugal, 2013.
APPLE, Michael Whitman. Ideologia e poder. Tradução Vinicius Figueira. 3.ed. Porto Alegre: Artmed, 2006.
BARATA, Rita Barradas. et al. Classe social: conceitos e esquemas operacionais em pesquisa em saúde. Rev Saúde Pública; 47(4):647-55, 2013.
BERNSTEIN, Basil. A estruturação do discurso pedagógico: classe, código e controle. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes. 1996.
BHABHA, Homi. O local da cultura. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003.
BOURDIEU, Pierre. A Distinção: crítica social do julgamento. 2. ed. rev. 2. Reimpr. – Porto Alegre, RS: Zouk, 2015.
___________. A dominação masculina. 4ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005.
___________. As regras da arte: gênese e estrutura do campo literário. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
BOURDIEU, Pierre ; PASSERON, Jean Claude. A reprodução: elementos para uma teoria do sistema de ensino. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1992.
BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil; São Paulo: Difel, 1989.
BUTLER, Judith P. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. 14ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2017.
CARNEIRO, Sueli. Mulheres em movimento. Estudos Avançados. Vol. 17, nº 49, São Paulo. Set/Dez. 2003.
COLLINS, Patricia Hill. Black feminist thought: knowledge, consciousness, and the politics of empowermente. In: OSADA, Neide Mayumi; COSTA, Maria Conceição. RECIIS – R. Eletr. De Com. Inf. Inov. Saúde, Rio de Janeiro, 2008.
CONNEL, Raewyn; PEARSE, Rebecca. Gênero: uma perspective global. São Paulo: nVersos, 2015.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa. 3. ed. rev. e atual. São Paulo: Positivo, 2004.
GOFFMAN, Erving. Estigma: a identidade deteriorada. 1ª ed. 10ª reimp. Buenos Aires: Amorrortu, 2006.
GUIMARÃES, Antonio Sérgio Alfredo. Racismo e anti-racismo no Brasil. São Paulo: Fundação de Apoio à Universidade de São Paulo; Ed. 34, 1999.
HIRATA, Helena. Gênero, classe e raça Interseccionalidade e consubstancialidade das relações sociais. Tempo Social, revista de sociologia da USP, v. 26, n. 1, jun/2014.
INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA - INEP. Sinopse Estatística da Educação Superior 2015. Brasília: Inep, 2016. Disponívem em: <http://portal.inep.gov/basica-censo-escolar-sinopse-sinopse>. Acesso em: 12 nov. 2018.
IPEA, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Retrato das desigualdades de gênero e raça. (2015). Disponível em:< http://ipea.gov.br/retrato/apresentacao.html>. Acesso em: 12 dez. 2018.
LACLAU, Ernesto. Emancipação e diferença. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2011.
LAHIRE, Bernard. Sucesso Escolar nos meios populares: as razões do improvável. Tradução: Ramon Américo Vasques e Sonia Goldfeder. 1. Ed. São Paulo: Ática, 2008.
___________. Homem plural: os determinantes da ação. Petrópolis, RJ : Vozes, 2002.
LESSA, Sérgio; TONET, Ivo. Introdução à filosofia de Marx. 2. ed. São Paulo: Expressão Popular, 2011.
LOPES, Alice Casimiro. Teorias pós-críticas, política e currículo. Dossier temático: configurações da investigação educacional no Brasil. Educação, Sociedade e Cultura, nº 39. 2013, 7-23.
LOPES, Alice Casimiro; MACEDO, Elizabeth. Teorias de Currículo. São Paulo: Cortez, 2011.
LOPES, Alice Casimiro. Política de Currículo: Recontextualização e Hibridismo. Currículo sem Fronteiras, v.5, n.2, pp.50-64, Jul/Dez 2005.
MACEDO, Elizabeth. Currículo como Espaço-Tempo de Fronteira Cultural. Revista Brasileira de Educação, v.11, n.32, pp.285-372, Maio/Ago 2006.
MINAYO, Maria Cecília de Souza (Org). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 34. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2015.
MOREIRA, Antonio Flavio; JÚNIOR, Paulo Melgaço da Silva. Currículo, Transgressão e Diálogo: quando Outras Possibilidades se Tornam Necessárias. Revista Tempos e Espaços em Educação, São Cristóvão, Sergipe, Brasil, v. 9, n. 18, p. 45-54, jan./abr. 2016.
MOREIRA, Núbia Regina. A organização das feministas negras no Brasil. Vitória da Conquista: Edições UESB, 2018.
MUNANGA, Kabengele. Uma abordagem das noções de raça, racismo, identidade e etnia. In: Programa de educação sobre o negro na sociedade brasileira. (cadernos PENESB;5). Niterói: EdUFF, 2000.
OLIVEIRA, Ana. A tradição da centralidade do conhecimento nas políticas curriculares. In: LOPES, Alice Casimiro; OLIVEIRA, Marcia Betania de (Org.). Políticas de currículo: pesquisas e articulações discursivas. Curitiba: CRV, 2017.
SACRISTÁN, José. Gimeno. Saberes e incertezas sobre o currículo. Porto Alegre: Penso, 2013.
___________. O Currículo: uma reflexão sobre a prática; tradução de ROSA, Ernani F. da F. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.
SCALON, Celi. Ensaios de estratificação. Belo Horizonte, MG: Argvmentvm, 2009.
SCOTT, Joan Wallach. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação & Realidade. Porto Alegre, vol. 20, nº 2, jul./dez. 1995.
SETTON, Maria Graça Jacintho. Teorias da socialização: um estudo sobre as relações entre indivíduo e sociedade. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 37, n. 4, p. 711-724, dez. 2011.
SILVA, Daiana Severo da. Gênero, raça e classe: discursos de mulheres negras acadêmicas e mulheres negras comunitárias. 2016. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) – Universidade do Vale do Rio dos Sinos/UNISINOS, São Leopoldo, RS: 2016. Disponível em:<http://www.repositorio.jesuita.org.br/handle/UNISINOS/5179>. Acesso em: 18 nov.
SILVA, Petronilha Beatriz Gonçalves. Ações afirmativas para além das cotas. In: SILVÉRIO, Valter Roberto; MOEHLECKE, Sabrina (Org.). Ações afirmativas nas políticas educacionais: o contexto pós-Durban. São Carlos: EDUFSCar, 2009. Cap. 4.
SILVA, Tomaz Tadeu da. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. 3. ed. 8. reimp. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2016.
YOUNG, Michael F. D. Conhecimento e Currículo: Do socioconstrutivismo ao realismo social na sociologia da educação. Porto – Portugal: Porto Editora, 2010.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
À Revista Tempos e Espaços em Educação ficam reservados os direitos autorais pertinentes a todos os artigos nela publicados. A Revista Tempos e Espaços em Educação utiliza a licença https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/ (CC BY), que permite o compartilhamento do artigo com o reconhecimento da autoria.