No. 02 (2010): Chegou a segunda edição! - ISSN 2179-2143
Cadernos do Tempo Presente
Revista Interdisciplinar de História
Grupo de Estudos do Tempo Presente - UFS
Edição nº 02, dezembro de 2010
Eis, enfim, a segunda edição dos Cadernos do Tempo Presente. Tendo recebido diversas contribuições, enviadas por profissionais das mais diversas áreas do saber, o novo número surge em um momento especial para o Brasil e para o mundo. Internamente, vivemos expectativas geradas pela chegada de uma mulher à Presidência da República.
Entre a nossa primeira edição e esta que lançamos agora, o país viu-se imerso nas polêmicas provocadas pelo uso do Twitter para a difusão de preconceito logo após o fim do segundo turno, lamentou os flagrantes de violência e homofobia em plena Avenida Paulista, acompanhou a invasão televisionada dos Morros no Rio de Janeiro como se estivesse em plena Copa do Mundo.
Além de uma conjuntura de incerteza econômica, o mundo parece viver também a insegurança nas relações diplomáticas graças à implosão do Cablegate, provocada pelo Wikileaks. Julian Assange, os Anonymous e uma série de telegramas criaram constrangimentos entre os principais líderes mundiais. Em meio a isto, reunimos contribuições de pesquisadores que abordam uma diversidade de temas, oferecendo em conjunto um painel instigante sobre os problemas do tempo presente.
No primeiro artigo, Célia Cardoso estuda a trajetória política de deputados estaduais cassados em Sergipe nos sombrios tempos da Ditadura Militar. Analisando alguns mandatos de segurança Cardoso busca conhecer as idéias e reações de parcela dos parlamentares de Oposição. Especialista no assunto, a pesquisadora destaca os interesses, negociações e conflitos entre os agentes de segurança e repressão num período marcante da história brasileira recente.
Além das dificuldades de investigar os porões do passado brasileiro, polêmicas também são temas de outros escritos constantes nesta edição. Jussara Bittencourt de Sá reflete sobre as interfaces da linguagem das artes através de uma observação cuidadosa das obras de Cazuza e Rita Lee. Por sua vez, Andreza S. Cruz Maynard analisa a polêmica criada sobre a relação entre História e Narrativa a partir das provocações de Hayden White e o posicionamento de alguns historiadores sobre os novos contornos assumidos nessa relação. A autora disserta sobre alguns dos principais pontos de discordância dos historiadores sobre as opiniões de White.
Algumas produções que contêm perspectivas contemporâneas sobre as relações de gênero são estudadas por Sandra Maria Job. O artigo situa a mulher negra no contexto social e literário no Brasil. Em seguida, temos o texto de Daniel Santiago Chaves que, observando a América do Sul contemporânea, aborda o problema do tráfico de drogas e uma das suas principais inovações técnicas, os chamados “submersíveis?, pequenos submarinos do crime transfronteiriço. Por sua vez, Jefferson William Gohl investiga três ícones da música brasileira, ligadas ao movimento Tropicalista.
O autor reflete sobre como as propostas contraculturais correntes nos anos 1960 e 1970 interferiram nas trajetórias, carreiras e mesmo nas opções estéticas de Nara Leão, Gal Costa e Rita Lee. Também contemplando o universo artístico, há o trabalho de Valmir Aleixo, que analisa o texto “Língua Afiada”, adaptado de Torch Song Trilogy, do ator e roteirista Harvey Fierstein. As reflexões de Aleixo se dão sobre a trama que envolve a vida de uma Drag Queen. Os dois últimos artigos abordam de formas diferentes aspectos ligados à política e às representações.
Enfocando três jornais impressos de Ponta Grossa(PR), Marcelo Puzio procura compreender os discursos e as representações ali existentes. O autor privilegia as eleições municipais de 1996. José Reinaldo Nascimento Filho analisa uma polêmica história em quadrinhos, a Graphic Novel MAUS (1986-1991), de Art Spiegelman. O autor reflete sobre os silenciamentos e as dificuldades de representação do Holocausto.
Diversidade de olhares e riqueza interpretativa. São estas as marcas deste novo número dos Cadernos do Tempo Presente. Um novo número surgido no turbilhão de acontecimentos de um ano que finda e abre a todos muitas interrogações. Certezas são poucas. Uma delas, é que continuaremos trabalhando para que a nossa publicação reflita sempre o nosso apreço pela interdisciplinaridade e pela solidariedade entre os campos do saber.
Os Editores