No 03 (2011): É preciso ler o Terceiro Caderno - ISSN 2179-2143
Revista Interdisciplinar de História
Grupo de Estudos do Tempo Presente - UFS
Edição nº 03, abril de 2011
Os Cadernos do Tempo Presente chegam ao seu terceiro número. Entre a nossa última publicação e esta, o mundo passou por reviravoltas significativas. Do alardeado “Cabeglate” provocado pelas ações de Julian Assange e do Wikileaks, aos conflitos urbanos no Rio de Janeiro (as invasões da Vila Cruzeiro e do Complexo do Alemão) até as novas revoluções árabes, há demandas crescentes aos historiadores e demais profissionais das Humanidades. Neste novo número, que ressalta a produção do GET e o respeito crescente angariado por nossa publicação, temas fundamentais da história recente são abordados.
O primeiro artigo oferece reflexões sobre a Wikileaks feitas por Francisco Carlos Teixeira da Silva e Daniel S. Chaves, do Laboratório do Tempo Presente Da UFRJ. Os autores observam cuidadosamente não apenas os efeitos do vazamento de documentos diplomáticos (mais de 250 mil, pelo que se sabe) dos EUA, mas também os caminhos abertos para os estudos da História Política (ou ciberpolítica) através deste episódio que colocou num só pacote diplomatas, políticos, banqueiros, militares e hackers.
Em seguida, a reflexão sobre o Imperialismo realizada por Rafael Araújo nos provoca e convida para considerarmos os sentidos do termo, as implicações desta prática e a sua presença em nossos dias. Araújo nos mostra que o avanço do capitalismo monopolista em África, na Ásia e na América Latina no século XIX, assim como as duas Guerras Mundiais (1914-1918 e 1939-1945) e a persistência de uma relação de exploração das regiões periféricas pelo centro do capital “consistem em conseqüências diretas do imperialismo que devem ser pensadas e analisadas por quem estuda o sistema capitalista internacional”.
Em seguida, analisando um tema corriqueiro na historiografia brasileira, mas conduzindo sua lupa para uma realidade distante dos grandes Centros, Maria Carolina Figueira Neves dos Santos investiga a sociedade de Valença (RJ) no período General-Presidente Emílio Garrastazu Médici. A autora apresenta um conjunto de entrevistas com professores que lecionavam na época buscando perceber como a dualidade do período se manifesta na fala de cada um deles.
A análise das eleições legislativas na Venezuelana, realizadas em setembro de 2010, são o tema de Ana Luiza Meirelles Paruolo, Marcia Aparecida Andrade da Silvae Paulo Cesar dos Reis Junior. Para pensar o ambiente eleitoral, o trio aponta um breve panorama da luta de classes que se estabeleceu na sociedade venezuelana a partir da década de 1980, intensificada com a ascensão de Chávez ao cenário político da Venezuela.
Além dos trabalhos citados acima, no texto “Fahrenheit 9/11 e o terrorismo nos Estados Unidos após o 11 de setembro de 2001”, Lara Jogaib e Vanessa Schumacher fazem uma pertinente reflexão sobre o uso de produções imagéticas, em especial de películas cinematográficas, como fontes para a compreensão das leituras de diversos agentes históricos. Através de uma análise perspicaz do longa-metragem Fahrenheit 9/11 (2004), de Michael Moore, as autoras observam as fases do terrorismo, bem como a nova forma de combate destas práticas após o episódio que abalou a política norte-americana.
Encerrando o espaço destinado a artigos científicos, Nincia Cecilia Ribas Borges Teixeira observa as confluências existentes entre literatura e publicidade. Em sua exposição, a autora analisa a apropriação da linguagem literária por anúncios publicitários produzidos a partir de uma curiosa releitura dos contos de fada.
Complementam esta terceira edição análises fílmicas e a discussão de uma obra historiográfica recente. Neste espaço, encontramos uma envolvente avaliação crítica do polêmico Bastardos Inglórios (2009), filme de Quentin Tarantino, realizada por Pedro Carvalho de Oliveira. Em seguida, Luyse Moraes Moura analisa o livro A invenção dos Direitos Humanos: uma história, no qual a historiadora Lynn Hunt narra o longo processo que originou as ideias e práticas dos direitos humanos.
Finalmente, Mônica da Costa Santana discorre sobre a película Memoria del Saqueo (2004), de Fernando “Pino” Solanas, e nos revela que este filme ultrapassa os limites da realidade representada, na medida em que nos proporciona uma reflexão sócio-histórica sobre o contexto político da Argentina entre o período de 1983 a 2001.
Os Cadernos do Tempo Presente têm recebido vários textos. Temos trabalhado para integrar mais pareceristas e agilizar ao máximo o processo de avaliação dos artigos e resenhas enviados. Agradecemos a todos aqueles que nos enviaram algum trabalho ou ajudaram a divulgar nossa publicação. Por fim, é fundamental lembrar que a idéia de levar uma iniciativa destas adiante só foi realizada pelo apoio incondicional dos alunos vinculados ao Grupo de Estudos do Tempo Presente. Foram eles que apontaram erros, editaram textos, responderam e-mails e mantiveram o ânimo todo o tempo. Graças a eles, todos bolsistas PIBIC ou PIBIT, está no ar a terceira edição dos Cadernos do Tempo Presente. Boa leitura!
Os Editores