n. 2 (2011): Travessias Interativas ➭ jul-dez/2011

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ARTE, EDUCAÇÃO, LINGUAGENS

É preciso animar-se para a sabedoria. A decisão pelo esclarecimento é um empre- endimento ousado que exige o abandono do seio da indolência, a tensão de todas as forças do espírito, a negação de muitas vantagens e uma perseverança de ânimo que se torna demasiadamente difícil para o mimado filho do prazer.
(F. Schiller).

A chamada para o segundo número da Revista Travessias Interativas divulgou seu interesse em publicar artigos referentes ao tema “Arte, Educação, Linguagens”. Dessa forma, os artigos recebidos e aprovados pelo conselho editorial contemplaram abordagens que se relacionam a este propósito temático. Ainda que abrangentes, os setores ligados à arte, à educação e às linguagens nos impõem o desafio de pensar as relações existentes entre eles e as relações existentes em seu universo particular. Interligados por contextos culturais, tais setores nos permitem levantar aspectos críticos e teóricos, bem como avaliar a aplicação e a viabilidade de tais pressupostos no âmbito socioeducacional.

O texto de abertura – “O Infinito e a Flor Azul” – é um presente que nos foi ofertado pelo seu autor, Prof. Dr. Marco Lucchesi (UFRJ). Membro da Academia Brasileira de Letras, poeta, ensaísta e tradutor, Lucchesi é um dos grandes destaques da poesia brasileira contemporânea, com uma poética singular, de onde brotam iluminações e a busca pelo Todo: o Todo que é origem, o Todo que é fim. Seu texto aqui exposto retoma o poeta alemão Novalis, visionário do mito da Flor Azul, símbolo não só do Romantismo, mas da poesia em geral. Lucchesi se serve deste mito para abordar, aqui, questões como a matemática do universo... ou o universo da matemática... Fico lisonjeado e grato pela disponibilidade e gentileza de Lucchesi.

Os três primeiros artigos provocam reflexões sobre a educação, envolvendo questões que vão da prática escolar às práticas e problemáticas sociais. O primeiro artigo, do Prof. Dr. Matheus Marques Nunes, intitulado Notas sobre educação e a indústria cultural, faz relações entre o progresso e a sociedade massificada, tentando compreender os modos de vida decorrentes da racionalização tecnológica característica do capitalismo. O artigo seguinte, do Prof. Esp. Pedro Luís da Silva Costa – Democracia, cidadania e o dever de educação do Estado na constituição da República Federativa do Brasil de 1988 – discute temas como democracia, cidadania, participação política e educação, partindo da Constituição Brasileira de 1988. Na sequência, aparece o artigo As dificuldades no ensino da matemática no Brasil, do Prof. Ms. Alexandre da Silva Mello, que discute, entre outros, o tema do fracasso escolar referente à aquisição de conhecimentos matemáticos, embasado em pressupostos teóricos e nos Parâmetros Curriculares Nacionais.

Os quatro artigos seguintes são da área de Letras, sendo um voltado a teorias linguísticas, e os outros três aos estudos literários. O artigo do Doutorando Silas Gutierrez, intitulado Análise textual da plasticidade em 3D, faz uma análise semiótica do recurso 3D, tão largamente explorado pela indústria cinematográfica, intentando um olhar sobre as leituras subjacentes a este recurso. Depois, temos o texto do Prof. Ms. Márcio Luís Souza-Marchetti, Adeus às armas e Nada de novo no front: similaridades e distinções do embate entre o “eu” e o “mundo”, onde discute as duas obras, de Ernest Hemingway e Erich M. Remarque respectivamente, por via de René Wellek e Georg Lukács, levando em conta princípios históricos, comparativos e literários. Em seguida, a Doutoranda Mariângela Alonso traz, com seu texto Clarice Lispector e a imprensa feminina na década de 50: Como matar baratas?, uma discussão sobre questões pouco exploradas pela crítica da obra clariceana, a saber, a trajetória de Clarice Lispector na imprensa feminina brasileira, o que acaba por revelar aspectos pertinentes à obra dessa escritora. O texto A moderna hesitação fantástica em “O pé da múmia”, de Gautier, da Mestranda Ana Carolina Bianco Amaral, apresenta uma análise do referido conto, fundamentada em teorias de Todorov, acerca das estruturas textuais e de questões como “hesitação”, “rompimento com o verossímil”, “leitor implícito” e “elemento sobrenatural”.

Por último, aparecem dois trabalhos de Iniciação Científica. O primeiro, intitulado “Visio”, de Machado de Assis: uma poética de transição, do Graduando em Letras Sandro Ponciano (sob orientação do Prof. Dr. Alexandre de Melo Andrade), traz uma leitura do poema “Visio”, que consta na obra Crisálidas, de Machado de Assis, tendo como objetivo apresentar aspectos representativos da obra poética machadiana. O segundo, da Graduada em Letras Raphaela Magalhães Portella Henriques, Autoritarismo versus submissão em contos maravilhosos de Marina Colasanti, parte de elementos teóricos acerca do maravilhoso, direcionando-os a leituras textuais da escritora Marina Colasanti, tendo ainda como aspecto de observação a relação homem-mulher em alguns contos.

Fica, aqui, nosso agradecimento ao conselho editorial da revista, pelo esmero na avaliação e seleção de artigos, e nosso desejo de que essas leituras suscitem novas discussões, interesses e práticas.

Prof. Dr. Alexandre de Melo Andrade.

Publicado: 05-03-2019

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