No. 8 (2014): Travessias Interativas ➭ jul-dez/2014

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Literatura brasileira e outras literaturas. Linguística e ensino de línguas

O oitavo volume da revista de letras Travessias Interativas, correspondente ao segundo semestre de 2015, envereda por caminhos da literatura brasileira e estrangeira, aclarando perspectivas críticas e analíticas, apontando aspectos que têm sido pouco explorados. Traz, ainda, textos questionadores a respeito das teorias linguísticas e do ensino de línguas. Na primeira sessão da revista, há uma entrevista com a poeta, crítica e artista plástica Cleri Aparecida Biotto Bucioli, que esclarece questões importantes sobre o fazer-poético, as relações entre o poeta e a realidade circundante, o diálogo entre pintura e poesia, e ainda a presença do seu olhar crítico – consciente, inclusive, da maturação que traz de outras leituras. A entrevista foi realizada pela também poeta e crítica de literatura Cristiane Rodrigues de Souza (USP-São Paulo / Centro Univ. Barão de Mauá-Rib. Preto).

Abrimos a sessão de artigos com o texto “Literatura Brasileira na Internet”, de Jaime Ginzburg (USP-SP). O texto problematiza a forma como alguns websites (Google, Yahoo e Bing) apresentam os autores Álvares de Azevedo e Clarice Lispector, e propicia uma reflexão sobre pesquisas pautadas nestas fontes, levando em conta desde as informações nelas contidas até o aspecto visual com o qual se depara nestes sites de busca. Em seguida, há o artigo “Uma análise das imagens de devir na obra de Viviane Mosé”, de Lorena Lima Kalid (UFBA), que propõe uma leitura da poesia de Mosé, também filósofa, promovendo diálogo com a filosofia de Nietzsche. Já em “O espaço regional na literatura brasileira: um problema de fronteiras”, André Tessaro Pelinser (UFMG) discute relações de espaço físico, dimensões simbólicas e regionalismo – questões caras à literatura brasileira. No próximo artigo, intitulado “Uma análise comparativa entre Teoria do medalhão e O homem que sabia javanês”, de Verônica Franciele Seidel (UFRGS), faz-se uma comparação entre duas obras em prosa de literatura brasileira, mapeando relações entre narrador, construção retórica, ironia e a figura do malandro. Por meio da obra “O globo da morte de tudo”, de Nuno Ramos e Eduardo Climachauska, Raisa Damascena Rafael (UNIRIO) reflete acerca da arte e do progresso, no texto “O globo da morte de tudo: transitoriedade, excesso, ruína”. Focalizando a figura do personagem em Guimarães Rosa e Hoffmann, e obediente às figuras estéticas de Kierkegaard, Jacob dos Santos Biziak (UNESP/Araraquara) é autor do próximo artigo – “As figuras estéticas kierkegaardianas: um estudo comparativo entre Hoffmann e Guimarães Rosa”. Na esteira da prosa de ficção contemporânea de viés político-intimista, Rosalia Rita Evaldt Pirolli (UFPR) encerra o estudo de autores brasileiros desta edição, com o artigo “Abusos da memória em K. – Relato de uma busca”, analisando a obra de Bernardo Kucinski.

A próxima sequência de artigos privilegia autores estrangeiros. Em “O inferno da existência: o trágico de Schopenhauer em Entre quatro paredes, de Jean Paul Sartre”, Gustavo Ramos de Souza (UEL) busca compreender o trágico na referida obra sartreana, à luz da teoria do filósofo alemão Schopenhauer. No artigo seguinte – “A Cidade nos contos ‘Um encontro’ e ‘Um caso doloroso’, de James Joyce” –, Gabrielle Cristine Mendes (UFPR) analisa a abordagem que se faz, nos dois contos, da cidade de Dublin, amparando-se em teorias de Bakhtin e de Salvatore D’Onofrio. Jenifer Evelyn Saska (UFSCar) analisa a recepção da obra Ariel, de Sylvia Plath, fundamentada na Estética da Recepção de H. R. Jauss, no artigo “A recepção da primeira edição de Ariel em artigos acadêmicos”. O artigo seguinte traz a obra de José Saramago para análise, com ênfase no conto “O Centauro”, levando em conta aspectos caros ao escritor português; trata-se de “A relação entre o mito e o maravilhoso em ‘Centauro’, de José Saramago”, de Tania Mara Antonietti Lopes (UNESP/Araraquara). A poesia dos contemporâneos franceses Jean-Marie Maulpoix e Jean-Marie Gleize é discutida no próximo artigo – “O lirismo crítico e a pós-poesia: diferentes propostas estéticas para a poesia contemporênea”, de Érica Milaneze (UNICAMP).

Os demais artigos se inserem nos estudos linguísticos e suas práticas. Em “Cultura participativa e práticas de produsagem na escrita de fanfictions em websites de compartilhamento online”, de Larissa Giacometti Paris (UNICAMP), parte-se da análise de uma sinopse de fanfictions, aplicando teorias de Bruns e Jenkins. No artigo seguinte, intitulado “Alunos do 2º ano do ensino fundamental e a leitura inferencial”, Dione Márcia Alves de Moraes (UFPA) propôs uma reflexão acerca do texto verbal e do texto não verbal, visando a possíveis avanços na compreensão leitora. Andrea Esther Anocibar (UFRGS) promove uma discussão acerca do léxico de origem espanhola adotada pelo Aurélio (2010), no texto “Empréstimos do espanhol na língua portuguesa – análise de indicações diaintegrativas no Aurélio (2010)”. Analisando o verbo “poder” sob o ponto de vista semântico-pragmático, os articulistas Lauriê Ferreira Martins, Nathália Félix de Oliveira, Patrícia Fabiane Amaral da Cunha Lacerda e Luís Felipe de Moraes Silva (todos da UFJF), considerando tal verbo como “modal”, mapeiam suas funções, conforme pressupõem já no título: “A multifuncionalidade do verbo modal ‘poder’: usos identificados e evidências sobre sua atuação em contextos de pedidos e permissão”. Encerramos esta sessão com o artigo “Entre Pêcheux e Jakobson: algumas considerações sobre o papel da significação saussuriana nas ciências da linguagem”, de Denise Machado Pinto (UFMS), que desvela textos de Pêcheux e Jakobson partindo do pensamento saussuriano acerca da significação da linguagem.

Na sessão seguinte, dedicada a artigos de Iniciação Científica, apresentamos dois textos. O primeiro, intitulado “Quando João Cabral de Melo Neto nos chama para dançar”, de Bárbara Campos Silva (UnB), sob orientação do Prof. Dr. Alexandre Pilati, analisa os poemas “A bailarina” e “Estudos para uma bailadora andaluza”, de João Cabral de Melo Neto, provocando relações entre a dança e a literatura. O segundo – “Contextualização de práticas de ensino como ações alternativas e questionadoras no processo de aquisição de língua inglesa sob a óptica da linguística aplicada” – é da autoria de Maria José Rocha Fernandes da Silva (AFARP-UNIESP), sob a orientação da Profa. Ms. Flávia Danielle Sordi Miranda, e propõe pensar o ensino de língua inglesa por meio de práticas contextuais/contextualizadoras, desmistificando a aprendizagem de língua estrangeira pautada apenas pelas estruturas linguísticas normativas.

Agradecemos a contribuição de todos os autores, que nos ofertaram com textos resultantes de maturidade investigativa, e o conselho editorial, que mais uma vez se dedicou com excelência no processo de avaliação dos artigos. Findamos aqui o nosso trabalho mediante o oitavo volume, e inicia o dos leitores, a quem possibilitamos, a partir de agora, viagem por muitas travessias.

Os editores,
Alexandre de Melo Andrade - Editor-chefe
Valéria da Fonseca Castrequini - Editora-adjunta

Published: 2019-03-21

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