Análise da eficácia das ações afirmativas para ingresso de docentes nas universidades públicas e o impacto sobre as políticas de financiamento de CT&I (2014-2021)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33467/conci.v6i.20100

Palavras-chave:

Ações afirmativas, Serviço Público, Raça, Universidades

Resumo

A escravidão no Brasil construiu grandes marcas de desigualdades socioeconômicas sobre a população negra brasileira (pretos e pardos). As ações afirmativas têm como objetivo superar esses déficits democráticos, como ocorre com o sistema de cotas no serviço público (ex.: lei federal nº 12.990/2014). No âmbito federal, os concursos públicos devem seguir o sistema de cotas raciais sempre que o número de vagas for igual ou superior a três por edital. No caso do magistério superior, ainda se percebe pequeno o uso das cotas para ingresso nas Universidades Federais, ainda menos nas estaduais, o que é perceptível pelos dados de estudos realizados recentemente a partir dos editais. Por isso, para analisar esse panorama, propusemos o projeto que intitula esse resumo, que foi aprovado na Chamada CNPq/MCTI/FNDCT Nº 18/2021 - Faixa A - Grupos Emergentes – Chamada Universal 2021 – e está sendo executado na Universidade Federal de Sergipe. O problema de pesquisa envolve compreender a efetividade do sistema de ações afirmativas raciais pós-2014 nas Universidades públicas de três regiões do país: Sul, a mais branca (74,1%); Nordeste, a mais preta (11,6%); e Norte, a mais parda (74,5%), segundo o IBGE. A hipótese aponta que há resistências administrativas na gestão de concursos públicos nas Universidades no compliance em relação às ações afirmativas de inclusão de pretos e pardos, bem como uma reduzida eficácia no âmbito estadual. Os dados preliminares indicam que desde 2014 houve um número reduzido de concursos com cotas raciais para o magistério superior e, quando há, o número de aprovados também é baixo, gerando reflexos a curto prazo no acesso a bolsas de produtividade e projetos de pesquisa em CT&I por meio das chamadas públicas, que em sua maioria é acessada por brancos. A metodologia incluirá a coleta e análise de dados legislativos federais e estaduais, regulação administrativa das Universidades, números de recursos humanos e casos judiciais, além da validação dos resultados por meio de um grupo focal com docentes pretos e pardos de Universidades públicas federais e estaduais das regiões estudadas como forma de articulação da pesquisa científica com a sociedade civil.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Ilzver de Matos Oliveira, Universidade Federal de Sergipe (UFS)

Professor do Departamento de Direito da Universidade Federal de Sergipe.  Doutor em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUC-RIO (2014).

Luiz Ismael Pereira, Universidade Federal de Viçosa (UFV)

Doutor e Mestre em Direito Político e Econômico pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (MACKENZIE), com atividades de pós-doutorado realizadas no PPG em Difusão do Conhecimento da UFBA/UNEB. Professor nos cursos de graduação em Direito e Pós-Graduação em Administração, ambos da Universidade Federal de Viçosa (UFV).

Referências

ALMEIDA, S. L. Racismo estrutural. São Paulo: Sueli Carneiro/Pólen, 2019.

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DE MINAS GERAIS. Concurso - Edital 1/2022. Minas Gerais, 2022. Disponível em: https://www.almg.gov.br/transparencia/concursos-publicos/vigentes/. Acesso em: 10 abr. 2023.

BALIBAR, É.; WALLERSTEIN, I. Raça, nação, classe: as identidades ambíguas. São Paulo: Boitempo, 2021.

BARBOUR, R.; KITZINGER, J. (org.). Developing focus group research: politics, theory and practice. London: SAGE, 1999.

BENTO, C. O pacto da branquitude. São Paulo: Companhia das Letras, 2022.

BRASIL. Lei nº 12.772, de 28 de dezembro de 2012. Dispõe sobre a estruturação do Plano de Carreiras e Cargos de Magistério Federal. Brasília: Congresso Nacional, [2012]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12772.htm. Acesso em: 11 mai. 2022.

BRASIL. Lei federal no 12.990, de 9 de junho de 2014. Reserva aos negros 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas nos concursos públicos para provimento de cargos efetivos e empregos públicos no âmbito da administração pública federal, das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e das sociedades de economia mista controladas pela União. Brasília: Congresso Nacional, [2014]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12990.htm. Acesso em: 11 mai. 2022.

CASTRO, C. Pesquisando arquivos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008.

FONSECA, J. J. S. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC, 2002.

HALE, C. A. As ideias políticas e sociais na América Latina, 1870-1930. In: BETHELL, L. (org.). História da América Latina. v. IV. São Paulo: EDUSP, 2009.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Trimestral. Tabela 6403 - população por cor ou raça. Rio de Janeiro. Disponível em: https://sidra.ibge.gov.br/tabela/6403. Acesso em: 11 mai. 2022.

KANT DE LIMA, R.; LUPETTI BATISTA, B. G. O desafio de realizar pesquisa empírica no Direito: uma contribuição antropológica. In: ENCONTRO DA ABCP – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIÊNCIA POLÍTICA, 7., 2010, Recife. Anais [...]. Recife: ABPC, 2010. p. 1–23. Disponível em: https://app.uff.br/riuff/handle/1/8005. Acesso em: 11 maio 2022.

MELLO, L.; RESENDE, U. P. Concursos públicos para docentes de universidades federais na perspectiva da Lei 12.990/2014: desafios à reserva de vagas para candidatas/os negras/os. Sociedade e Estado, v. 34, n. 1, p. 161–184, 2019. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-69922019000100161&tlng=pt. Acesso em: 11 maio 2022.

MELLO, L.; RESENDE, U. P. Concurso s públicos federais para docentes e ações afirmativas para candidatos negros. Cadernos de Pesquisa, v. 50, n. 175, p. 8–29, 2020. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-15742020000100008&tlng=en. Acesso em: 11 maio 2022.

MOREIRA, A. Quando devo pesquisar em arquivos judiciais e como fazer? In: QUEIROZ, R. M. R.; FEFERBAUM, M. (org.). Metodologia jurídica: um roteiro prático para trabalhos de conclusão de curso. São Paulo: Saraiva, 2012. p. 239–249.

MOURA, C. Sociologia do negro brasileiro. 2. ed. São Paulo: Perspectiva, 2019.

PACE, Â. F. Cotas com viés étnico-racial: percurso legislativo e questões de fundo. Repecult - Revista Ensaios e Pesquisas em Educação e Cultura, v. 6, n. 10, 2022. Disponível em: http://periodicos.ufrrj.br/index.php/repecult/article/view/89/73. Acesso em: 11 maio 2022.

PALMA, J. B. Meu trabalho precisa de jurisprudência? Como posso utilizá-la? In: QUEIROZ, R. M. R.; FEFERBAUM, M. (org.). Metodologia jurídica: um roteiro prático para trabalhos de conclusão de curso2. São Paulo: Saraiva, 2012a. p. 137–173.

PALMA, J. B. Como organizo informações da jurisprudência que leio? In: QUEIROZ, R. M. R.; FEFERBAUM, M. (org.). Metodologia jurídica: um roteiro prático para trabalhos de conclusão de curso2. São Paulo: Saraiva, 2012b. p. 295–312.

RODRIGUES, L. S. Políticas públicas no combate à desigualdade racial: uma análise da implementação da Lei no 12.990/2014 em uma Instituição Federal de Ensino Superior. 2017. 122f. Dissertação (Mestrado em Gestão de Organizações e Sistemas Públicos) - Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, SP, 2017. Disponível em: https://repositorio.ufscar.br/bitstream/handle/ufscar/9289/RODRIGUES_Lilian_2018.pdf?sequence=5&isAllowed=y. Acesso em: 11 maio 2022.

SANTOS, E. S.; GOMES, N. L.; SILVA, G. M.; BARROS, R. C. S. Racismo institucional e contratação de docentes nas Universidades Federais brasileiras. Educação & Sociedade, v. 42, 2021. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-73302021000105002&tlng=pt. Acesso em: 11 maiO 2022.

SILVA, N. T. C.; PEREIRA, L. I.; BAIERO, M. S. Construção participativa de propostas de atualização do marco regulatório cooperativista. Viçosa: Asa Pequena, 2021.

SILVEIRA, D. T.; CÓRDOBA, F. P. A pesquisa científica. In: GERHARDT, T. E.; SILVEIRA, D. T. (org.). Métodos de Pesquisa. Porto Alegre: UFRGS, 2009. p. 33–44.

WILKINSON, S. Focus group research. In: SILVEMAN, D. Qualitative Research: Theory, Method and Practice. 2. ed. London: SAGE, 2004. p. 177–199.

Publicado

2023-12-29

Como Citar

OLIVEIRA, Ilzver de Matos; PEREIRA, Luiz Ismael. Análise da eficácia das ações afirmativas para ingresso de docentes nas universidades públicas e o impacto sobre as políticas de financiamento de CT&I (2014-2021). ConCI: Convergências em Ciência da Informação, Aracaju, v. 6, n. especial, p. 1–13, 2023. DOI: 10.33467/conci.v6i.20100. Disponível em: https://periodicos.ufs.br/conci/article/view/20100. Acesso em: 22 dez. 2024.

Edição

Seção

Anais da I Jornada Interdisciplinar do CCSA