Edição Atual

v. 11 n. 2 (2024): Jul./Dez. 2024 - Boletim Historiar
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O mundo em conflito: as múltiplas dimensões da Segunda Guerra Mundial (1939-1945)

A revista eletrônica Boletim Historiar, editada pelo Grupo de Estudos do Tempo Presente da Universidade Federal de Sergipe (GET/UFS/CNPq), tem o prazer de anunciar o lançamento da última edição de 2024. Este número é composto por seis artigos e uma resenha que integram o dossiê temático intitulado "O mundo em conflito: as múltiplas dimensões da Segunda Guerra Mundial (1939-1945)", organizado pela profª. Dra. Adriana Mendonça Cunha (GET/UFS) e pela profª. Dra. Mônica Porto Apenburg Trindade (Pio Décimo/UAB-UNEAL/GET-UFS).  

O dossiê procurou aglutinar trabalhos que abordem a Segunda Guerra Mundial a partir de diferentes objetos, fontes e abordagens. Iniciado, em 1939, com a invasão da Polônia pela Alemanha nazista, o conflito envolveu diversas nações, incluindo o Brasil. Resultado da escalada de violências e tensões provocadas pela crise do capitalismo e pela ascensão de regimes autoritários, como o nazismo alemão e o fascismo italiano, a guerra provocou mudanças significativas na conjuntura internacional.

No caso do continente americano, a aproximação da Alemanha nazista com países latino-americanos levou os Estados Unidos a empreender a chamada Política da Boa Vizinhança, cujo objetivo era promover o ideal da panamericanismo através da promoção de intercâmbios científico e culturais entre estadunidenses e latino-americanos. Áreas como cinema, revistas, ensino de inglês, educação, entre outras, receberam forte investimento da diplomacia estadunidense através da Divisão de Relações Culturais (DRC) e do Office of the Coordinator of Inter-American Affairs (OCIAA) criados, respectivamente, em 1938 e 1940.

Com a ocupação da França ainda em 1940, os avanços nazistas na Europa e a entrada do Japão ampliou-se o conflito, envolvendo, direta ou indiretamente, dezenas de países que mobilizaram soldados, armas e/ou matérias-primas para o esforço de guerra.  Com a entrada dos Estados Unidos, após o ataque japonês de Pearl Harbor, e da União Soviética, a guerra tomou um novo caminho que culminaria com a derrota alemã e a rendição japonesa após o lançamento de duas bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki.  

 Mais do que combates em campos de batalha, a Segunda Guerra Mundial modificou a vida em sociedade. O Holocausto dos judeus e o assassinato em massa de ciganos, comunistas, pessoas com deficiência, entre outras minorias, provocado pelo regime nazista, deixaria marcas na história da humanidade. Novos artefatos bélicos de destruição em massa foram produzidos, sistemas de espionagem foram desenvolvidos para combater os inimigos. O cinema, a ciência, a arte e a educação se tornaram ferramentas importantes não só para combater o inimigo como também para persuadir e conquistar aliados.

Campo amplamente investigado por historiadores de todo o mundo, a Segunda Guerra Mundial ainda suscita debates em torno de novas abordagens e diversos objetos de análise. Neste sentido, o dossiê aqui apresentado está composto de seis artigos e uma resenha que apresentam análises sobre imprensa e estrangeiros no Brasil, intercâmbios no contexto da Boa Vizinhança, cinema e o papel da religiosidade no cotidiano dos pracinhas que lutaram pela Força Expedicionária Brasileira (FEB).

Abrimos o dossiê com o artigo de Juliana Leite e Tasso Brito, intitulado A Construção do outro: a imprensa, o perigo alemão e a quinta-coluna em Pernambuco durante a Segunda Guerra”. Nele, os autores discutem como o medo do “perigo alemão”, mobilizado pelo Estado Novo durante a guerra, repercutiu na imprensa pernambucana.

Em seguida, Maria Luiza Pérola Dantas Barros, em “O inimigo de guerra no front interno brasileiro: a construção imagética na revista ilustrada O Cruzeiro”, analisa a construção da imagem dos nazistas no front interno brasileiro a partir das fotorreportagens do conflito que circularam na revista O Cruzeiro.

Já Priscila Antônia dos Santos, no artigo Reuniões secretas, prisões e suspeitos: estrangeiros do Eixo em Sergipe (1942)”, examina o tratamento conferido aos imigrantes do Eixo que residiam na cidade de Aracaju, a partir do inquérito instaurado pela polícia para apurar atividades destes indivíduos consideradas suspeitas, em virtude dos torpedeamentos ocorridos em agosto de 1942.

Em “Pede-se tocar nos livros”: diplomacia do livro e relações interamericanas (1938 –1940)”, Talita Emily Fontes apresenta as iniciativas voltadas à circulação de livros e publicações, patrocinadas pela Política da Boa Vizinhança, no contexto da guerra.

Liliane Costa Andrade, no artigo “Nas telas dos cinemas cariocas: o antinazismo hollywoodiano durante a II Guerra Mundial (1942-1945)” investiga, utilizando o método comparado, as casas de exibição do Rio de Janeiro em que ocorreram as estreias dos filmes antinazistas hollywoodianos exibidos no Brasil durante o conflito.

Já Ana Amélia Gimenez, em “O Príncipe da Paz nas trincheiras da guerra: celebração e religiosidade no Natal de 1944 entre os soldados da FEB”, propõe uma investigação em torno das práticas religiosas organizadas pelos capelães militares e o Serviço de Assistência Religiosa (SAR), demonstrando como a festividade transcendia seu caráter litúrgico para se tornar um espaço simbólico de consolo e coesão em meio à brutalidade do front italiano no final da Segunda Guerra Mundial.

E, para fechar o dossiê, temos a resenha intitulada “A Política da Boa Vizinhança e a Segunda Guerra Mundial em perspectiva: novos sujeitos, objetos e olhares”, na qual a autora Adriana Mendonça Cunha apresenta o livro “New Perspectives on the Good Neighbor Policy” (2023), organizado pelos pesquisadores Alexandre Busko Valim e Ana Maria Mauad.

Desejamos a todas/os uma excelente e proveitosa leitura! Próspero Ano Novo!

Adriana Mendonça Cunha e Mônica Porto Apenburg Trindade.

Capa: Snipers de A. Intezarov

 

 

 

Publicado: 2025-01-03
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