v. 9 n. 01 (2022): Jan./Mar. 2022
Passaram-se dois anos desde o início da pandemia de covid-19. De lá pra cá, avançamos no processo de vacinação, observamos a diminuição de novos casos e de mortes. Nesse novo contexto, o uso da máscara, item essencial no enfrentamento ao vírus, tem deixado de ser obrigatório em alguns países e estados brasileiros. Apesar de todo o progresso, a situação de pandemia ainda não chegou ao fim. Durante esse período difícil, o Boletim Historiar manteve seu compromisso em contribuir para o fomento e a divulgação do conhecimento científico.
Abrindo os trabalhos em 2022, a equipe do Boletim Historiar tem a satisfação de anunciar a mais nova edição dessa revista eletrônica, vinculada ao Grupo de Estudos do Tempo Presente (GET/UFS/CNPq), avaliada com Qualis A4 pela CAPES. Nesse novo número, contamos com 6 artigos e uma resenha, que versam sobre as mais variadas temáticas no campo da História, a exemplo de Idade Média e Indústria Cultural; Colonialismo; Imprensa Anarquista; Cangaço; Educação Patrimonial; Treze Colônias da América do Norte; e A Pesquisa em História.
Lívia Maria Albuquerque Couto abre a edição com o texto Idade “Mídia”: apontamentos sobre as representações midiáticas e reminiscências medievais na Indústria Cultural Contemporânea, no qual analisa como a indústria cultural contemporânea tem se apropriado do medievo para propagar uma visão estereotipada da Idade Média. Para tal, Couto examina o retrato desse período histórico em jogos, filmes, série e outros produtos dessa indústria.
Em Biografia, História e Colonialismo: o caso de João Albasini (1876-1922), Tiago Henrique Sampaio discute as potencialidades de pesquisa existentes na trajetória de vida de João Albasini, que atuou como diretor e escritor no jornal O Africano, periódico que circulou entre 1908 e 1919, fruto do desenvolvimento de uma imprensa oriunda da elite negra local em Moçambique, que buscava denunciar os abusos, a corrupção e os desleixos da administração lusitana naquele território.
No terceiro artigo, intitulado A repressão à imprensa anarquista em São Paulo: Edgard Leuenroth e Rodolpho Felippe na mira do DEOPS/SP (1930-1937), André Rodrigues busca analisar a repressão policial sofrida pelos militantes anarquistas Edgard Leuenroth e Rodolpho Felippe, entre os anos de 1930 e 1937. O autor toma como objeto de estudo os prontuários policiais produzidos pelo DEOPS/SP, que, segundo ele, procuravam investigar não apenas os dois anarquistas, como também os jornais A Plebe e A Lanterna, demonstrando assim uma preocupação em interditar o discurso anarquista, especialmente quando era transmitido pela
imprensa.
A seguir, Felipe Trindade de Souza examina, no texto nomeado Do cangaço como ofício: uma análise da cultura profissional no bando de Lampião, a cultura profissional no bando de cangaceiros liderados por Lampião. Tratando os dados coletados a partir de conceitos presentes na Sociologia dos grupos profissionais, o autor demonstra em sua abordagem que Lampião e seus asseclas encararam o cangaço como um ofício e que o domínio dessa cultura profissional permitia ao cangaceiro manter-se no cangaço, ascender a postos na hierarquia do grupo e realizar uma conversão identitária.
Já em Uma experiência com a educação patrimonial: reflexões sobre uma formação para o ofício do historiador, Emerson Naylton Bezerra Pereira e Fabricio Carlos Paulino Lopes compartilham um relato de experiência vivida no âmbito da disciplina Memória e Patrimônio Histórico, do Departamento de História da UFRN, na qual desenvolveram exercícios práticos que associaram os conceitos de memória, patrimônio e história, utilizando como metodologia a Educação Patrimonial.
No sexto e último artigo, La evolución monetaria en las trece colonias: de la moneda de papel y el papel moneda fiduciario a la emisión unificada del dólar, Ricardo Méndez Barozzi analisa se a moeda utilizada no século XVIII, nas treze colônias da América do Norte, constituiu um passo fundamental para o proceso de independencia. Para isso, o autor busca examinar os antecedentes monetários nas colônias americanas no século XVII, bem como o posterior surgimento do Dólar Continental como o primeiro antecedente de uma emissão unificada de papel-moeda.
A edição é encerrada com uma resenha escrita por Danilo Alves Bezerra acerca do proceso de pesquisa em História, tema central do livro Práticas de Pesquisa em História, produzido por Tânia Regina de Luca e lançado em 2020 pela Editora Contexto.
Na expectativa de que todas e todos realizem boas leituras, nos despedimos.
As Editoras.
Imagem: Blog do Bombeiros DF. Link de acesso: https://www.bombeirosdf.com.br/2021/03/cinco-estados-americanos-poem-fim-ao.html#.YkTsUgOltKo.whatsapp