Comunidade, cemitério e tradição: afinidades entre Walter Benjamin e João Cabral de Melo Neto

Resumo

Nosso objetivo, nesse trabalho, é aproximar o pensamento de Walter Benjamin acerca da relação entre arte, comunidade e tradição e o trabalho poético de João Cabral de Melo Neto. Para isso, utilizamos como imagem central a do cemitério, na medida em que tal imagem aparece tanto na crítica de Benjamin ao conceito de vivência, como signo do afastamento moderno do âmbito da experiência tradicional e comunitária, quanto na série de poemas acerca de cemitérios pernambucanos, em que João Cabral de Melo Neto constrói imagens metafóricas sobre pequenos cemitérios comunitários ao mesmo tempo em que, como no restante de sua obra, efetua sua poética pautada no trabalho artesanal e na influência da tradição cordelista. Nesse sentido, serão de grande importância os ensaios benjaminianos "As afinidades eletivas de Goethe", "Experiência e pobreza", "O narrador". Por outro lado, a obra Paisagens com figuras guarda aquela série de poemas, ao lado da qual serão de grande auxílio os textos "João Cabral – do fonema ao livro" e João Cabral: uma fala só lâmina , de Antonio Carlos Secchin, além de Poéticas da visualidade em João Cabral de Melo Neto e Joan Miró,
de Ricardo Ramos Costa. Ao fim, esperamos traçar não somente as vias de encontro, mas também as diferenças do pensamento sobre arte moderna dos autores.