Samba-Rapar: experiência sensório-literária de culturamento
William de Siqueira Piauí
PPGF-UFS
Resumo
Com esse ensaio-manifesto poético-filosófico em homenagem a Elza Soares e Racionais MCs e em memória de João Alberto Silveira de Freitas, covardemente assassinado no dia 19 de outubro de 2020, pretendemos explorar algumas outrasconsequências do que delineamos no nosso outro ensaio “Samba: experiência sensória de desaculturamento”. Buscaremos marcar alguns outros momentos em que a música, especialmente o Rap, coletivamente surge da inseparável mistura conteúdo-expressão, também letra e som, arte e política, poesia e revolta, defesa da vida e da morte etc. e produz sentido especialmente a partir dos usos que faz da letra canina, ou seja, da “r”, também da “l”, da “c” e “k”, da “p”, “b” etc. a ponto de legitimar criativamente, ou melhor, de dar sentido ao uso de “verbos” como “carcarar” e “matralhar”, de poder gerar onomatopeizações ativas resultantes em geral do som que lembra o manuseio de armas de repetição, obviamente associadas às mortes em grande escala, em escala tecnológica agora. Tudo isso que reproduz, nas letras das músicas etc., o efeito de enfrentamento dos necro-nazi-stalin-capital-ismos passados, presentes e futuros, as tantas polícias, os regimes políticos, os golpismos, que sempre ameaçam a vida, enfrentamento a partir da livre criação de expressões-palavra de revolta poética como “Papará papará pá pá, cleck BUM”; o que também atesta a força e poder criativos desses verdadeiros músicos, poetas, literatos etc. das favelas, dos mangues, das caatingas,das quebradas etc., que acabam por realizar a possibilidade de culturamento adequado à situação econômica, principalmente, mas evidentemente não só, de quem é pret@-índi@ pobre-miserável, muitas vezes obrigado a ser vida loka, nos bras-hait-is do mundo inteiro.
Palavras-chave: Rap, Samba, expressão, poesia, política.