UMA FILOSOFIA TRANSCENDENTAL DO ACONTECIMENTO: LEITURA NÃO FENOMENOLÓGICA DE LEIBNIZ FEITA POR DELEUZE
Marcos Sávio Aguiar
William de Siqueira Piauí
Resumo
Este capítulo situa A dobra: Leibniz e o barroco de Gilles Deleuze no contexto de sua rejeição de leituras de Leibniz fenomenologicamente inspiradas. Embora textos como a Lógica do sentido e “Imanência: uma vida” pareçam ser escritos quase inteiramente sob o signo de uma redução transcendental radicalizada, sabe-se que Deleuze tem um prazer quase diabólico em descartar a tradição fenomenológica, que é “muito pacífica e abençoou muitas coisas” (F 113). Sua crítica a Husserl e seus seguidores foca na sua crítica ao senso comum em seu funcionamento transcendental, ou seja, à Urdoxa. Mesmo que a fenomenologia substitua as essências transcendentes pela imanência do sentido na intencionalidade, Deleuze argumenta que, no entanto, ela ressuscita essências ao nos impor a alternativa tanto do não-sentido de um fundamento indiferenciado quanto do sentido garantido pelo seu aprisionamento no senso comum (LS 103 [15ª série], 106; F 14; WP 51, 160).