Trabalho docente, relações de gênero e adoecimento

Autores

  • Érika Carvalho Silva Universidade Federal da Bahia, Salvador, Bahia, Brasil.
  • Marcos Vinícius Ribeiro de Araújo Universidade Federal da Bahia, Salvador, Bahia, Brasil.
  • Elaine Cristina de Oliveira Universidade Federal da Bahia, Salvador, Bahia, Brasil.

DOI:

https://doi.org/10.20952/revtee.v15i34.18361

Palavras-chave:

Educação, Gênero, Processo saúde-doença, Processo de trabalho

Resumo

Para além das adversidades que o modo de produção e o processo de trabalho incidem sobre o adoecimento docente, o marcador social de gênero coloca as mulheres em situação de desvantagem e acaba por intensificar o adoecimento. O objetivo desta pesquisa consistiu em analisar o impacto do marcador social gênero no processo saúde-doença relacionado ao trabalho de professoras da rede pública da cidade de Salvador. Quanto ao método trata-se de uma pesquisa empírica, de abordagem qualitativa, fundamentada na perspectiva sócio-histórica. Utilizamos como instrumentos de produção de dados observações diretas e entrevistas semiestruturadas. Participaram do estudo três professoras. Os dados foram transcritos e sistematizados em categorias semânticas segundo a técnica de análise do conteúdo. Os resultados apontaram que as professoras percebem conexões entre o adoecimento e o trabalho, identificam os impactos da precarização da profissão e do processo de trabalho docente, assim como, sinalizam importantes desigualdades na divisão sexual do trabalho doméstico não remunerado. Como conclusões a pesquisa sinaliza que as desigualdades de gênero se imbricam ao adoecimento, e ainda, aponta que a rotina marcada pelo esgotamento do exercício profissional e a sobrecarga do trabalho doméstico não remunerado são entraves para que as professoras possam buscar estratégias de enfrentamento para o adoecimento relacionado ao trabalho.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Érika Carvalho Silva, Universidade Federal da Bahia, Salvador, Bahia, Brasil.

Bacharel em Fonoaudiologia pela Universidade Federal da Bahia (2018). Possui Pós- graduação em Saúde Pública com Ênfase em Saúde da Família (UNP). É Mestra em Educação pelo Programa de Pós-graduação em Educação (PPGE) da Universidade Federal da Bahia. Atualmente cursa Pós-graduação em Linguagem pela Faculdade Novo Horizonte (FNH) e atua como fonoaudióloga clínica na iniciativa privada.

Marcos Vinícius Ribeiro de Araújo, Universidade Federal da Bahia, Salvador, Bahia, Brasil.

Professor do Departamento de Fonoaudiologia do Instituto Multidisciplinar de Reabilitação e Saúde da Universidade Federal da Bahia. Doutor em Saúde Pública com área de concentração em Planificação e Gestão dos Serviços de Saúde e Mestre em Saúde Comunitária com área de concentração em Política, Planejamento e Gestão nos serviços de saúde (2011) pelo Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia. Membro associado da ABRASCO (desde 2009). Possui graduação em Fonoaudiologia pela Universidade do Estado da Bahia (2007). Colaborador do Mestrado Profissional em Saúde Coletiva da Universidade do Estado da Bahia (MEPISCO/UNEB). Tutor da Residência Multiprofissional em Saúde Coletiva com área de concentração em Planejamento e Gestão do ISC/UFBA. Tem experiência e interesse na área de Saúde Coletiva, atuando principalmente nos temas: Políticas de Saúde; Planejamento e Gestão em Sistemas e Serviços de Saúde; Saúde da População Negra; Atores Políticos e Práticas de Saúde; Movimentos sociais e Saúde; Educação Antirracista na formação de profissionais de saúde; Educação e formação de profissionais Fonoaudiólogos para o SUS; Fonoaudiologia e Atenção Primária à Saúde.

Referências

Akotirene, C. (2018). O que é interseccionalidade. Belo Horizonte: Letramento/Justificando.

Araujo, S. C. L. G., & Yannoulas, S. C. (2020). Trabalho docente, feminização e pandemia. Retratos da Escola, 14(30), 754-771. https://doi.org/10.22420/rde.v14i30.1208

Araújo, T. M. D., Pinho, P. D. S., & Masson, M. L. V. (2019). Trabalho e saúde de professoras e professores no Brasil: reflexões sobre trajetórias das investigações, avanços e desafios. Cadernos de Saúde Pública, 35. https://doi.org/10.1590/0102-311X00087318

Ávila, M. B., & Ferreira, V. (2020). Trabalho doméstico remunerado: contradições estruturantes e emergentes nas relações sociais no Brasil. Psicologia & Sociedade, 32. https://doi.org/10.1590/1807-0310/2020v32242869

Bardin, L. (2011). Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70.

Bento, B. (2021). O belo, o feio e o abjeto nos corpos femininos. Revista Sociedade e Estado, 36, 157-172. https://doi.org/10.1590/s0102-6992-202136010008

Buss, P. M., Hartz, Z. M. D. A., Pinto, L. F., & Rocha, C. M. F. (2020). Promoção da saúde e qualidade de vida: uma perspectiva histórica ao longo dos últimos 40 anos (1980-2020). Ciência & Saúde Coletiva, 25, 4723-4735. https://doi.org/10.1590/1413-812320202512.15902020

Ferreira, E. M., Teixeira, K. M. D., & Ferreira, M. A. M. (2022). Prevalência racial e de gênero no perfil de docentes do ensino superior. Revista Katálysis, 25, 303-315. https://doi.org/10.1590/1982-0259.2022.e84603

Ferreira G.N. & Abdala R.D. (2017). Identidade profissional e o estigma social do professor readaptado. Revista Ciências Humanas. v. 10, n Extra, edição 19, p. 24 - 33. https://doi.org/10.32813/rchv10n12017artigo14

Fraga, P. L & Martins, F. S. C. (2017). Doença do Refluxo Gastroesofágico: uma revisão de

literatura. Cadernos UniFOA, v. 7, n. 18, p. 93-99. https://doi.org/10.47385/cadunifoa.v7.n18.1095

Freitas, H. C. L. (2003). Certificação docente e formação do educador: regulação e desprofissionalização. Educação & Sociedade, v. 24, p. 1095-1124. https://doi.org/10.1590/S0101-73302003000400002

Freitas, M. T. A. (2002). A abordagem sócio-histórica como orientadora da pesquisa qualitativa. Cadernos de Pesquisa, 116, 21-39. https://doi.org/10.1590/S0100-15742002000200002

Hirata, H. (2018). Gênero, patriarcado, trabalho e classe. Revista Trabalho Necessário, 16(29), 14-27. https://doi.org/10.22409/tn.16i29.p4552

Hypólito, Á. M. (2019). BNCC, agenda global e formação docente. Revista Retratos da Escola, Brasília, 13(25), 187-201. https://doi.org/10.22420/rde.v13i25.995

Macedo, J. & Mello, M. (2017). Fundamentos teóricos e metodológicos da precarização do trabalho docente. RTPS - Revista Trabalho, Política e Sociedade, v. 2, n. 3, p. p. 219-242. https://doi.org/10.29404/rtps-v2i3.3680

Matias, J. N. M. (2022). Perspectivas históricas e atuais sobre o gênero feminino e a divisão sexual do trabalho na educação infantil. Educação e (Trans) formação, 7(1), 1-11. http://200.17.137.114/index.php/educacaoetransformacao/article/view/4866

Nascimento, K. B. & Seixas, C. E. (2020). O adoecimento do professor da Educação Básica no Brasil: apontamentos da última década de pesquisas. Revista Educação Pública, v. 20, n. 36, p. 22. https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/20/36/josepho-adoecimento-do-professor-da-educacao-basica-no-brasil-apontamentos-da-ultima-decada-de-pesquisas

Paparelli, R. (2009) Desgaste mental do professor da rede pública de ensino: trabalho sem sentido sob a política de regularização de fluxo escolar. 2009. 194 f. Tese (Doutorado em Psicologia), Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, São Paulo.

Paro, V. H. (2017). Gestão democrática da escola pública. Cortez Editora.

Patto, M. H. S. (2015). A produção do fracasso escolar: Histórias de submissão e rebeldia. 4. ed.São Paulo: Editora Intermeios.

Penteado, R. Z., & Souza, S. D. (2019). Mal-estar, sofrimento e adoecimento do professor: de narrativas do trabalho e da cultura docente à docência como profissão. Saúde e sociedade, 28, 135-153. https://doi.org/10.1590/S0104-12902019180304

Salvador, Lei Ordinária 8722. (2014). Dispõe sobre o Plano de Carreira e Remuneração dos Servidores da Educação do Município de XXXXX. https://www.jusbrasil.com.br/diarios/84848685/dom-ssa-edicao-normal-20-12-2014-pg-5

Scott, J. W., & Urso, G. S. (2021). Gênero. Albuquerque: revista de história, 13(26), 177-186. https://doi.org/10.46401/ardh.2021.v13.14704

Silva, A. M. A. (2019). Uberização do trabalho docente no brasil: uma tendência de precarização no século XXI. Revista Trabalho Necessário, v. 17, n. 34, p. 229-251, 27 set. https://doi.org/10.22409/tn.17i34.p38053

Souza, F. V. P. (2018). Adoecimento mental e o trabalho do professor: um estudo de caso na rede pública de ensino. Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, p. 103-117. https://doi.org/10.11606/issn.1981-0490.v21i2p103-117

Vasconcelos, I., & Lima, R. D. L. D. (2021). Trabalho e saúde-adoecimento de docentes em universidades públicas. Revista Katálysis, 24, 364-374. https://doi.org/10.1590/1982-0259.2021.e78014

Downloads

Publicado

2022-12-22

Como Citar

Silva, Érika C., Araújo, M. V. R. de, & Oliveira, E. C. de. (2022). Trabalho docente, relações de gênero e adoecimento. Revista Tempos E Espaços Em Educação, 15(34), e18361. https://doi.org/10.20952/revtee.v15i34.18361