MÚSICA PARA DANÇAR NO BRASIL DA DITADURA: DO SAMBA AO SOUL, DO SOUL À DISCO (1970-1979)
DOI:
https://doi.org/10.32748/revec.v4i1.9502Resumo
Este artigo pretende investigar os modos pelos quais a “soul music” e a cultura disco foram apropriadas no Brasil, sobretudo a partir de 1970, quando a sonoridade do soul como novo estilo musical já se fazia ver em “BR-3”, canção composta por Antonio Adolfo e Tibério Gaspar e vencedora do V Festival Internacional da Canção daquele ano, na voz de Tony Tornado e do Trio Ternura, até 1979, quando a febre da disco, ao tornar-se extremamente comercial e repetitiva, acabou condicionando, nos Estados Unidos, o movimento disco sucks, uma atitude coletiva de rejeição e demonização que, embora tenha começado a esboçar-se já em 1976, materializou-se de forma contundente com a “Disco Demolition Night”, evento organizado pelo radialista Steve Dahl em Chicago, no intervalo de uma partida de beisebol no estádio Comiskey Park, em 12 de julho de 1979. Por outro lado, no Brasil, 1979 é o ano em que ocorre a revogação dos instrumentos de exceção da ditadura, como o célebre AI-5, pelo Congresso nacional, e o retorno dos exilados, com a abertura política, criando um estado de coisas que possibilitou o restabelecimento do habeas corpus, da autonomia do judiciário e da liberdade – relativa – de imprensa, embora haja um senso comum na historiografia de que a ditadura no Brasil acabou somente em 1985, com a posse do primeiro presidente civil, José Sarney, como se a ditadura fosse somente obra dos militares. Nossa hipótese é de que a difusão e popularização da soul music e da cultura disco no Brasil foi um processo que, embora possa ser compreendido como uma imposição dos enlatados norte-americanos, cujo governo financiava a ditadura a que o país estava submetido desde o golpe
militar de 1964, foi capaz de mostrar o seu potencial transgressor, especialmente na formação de identidades afirmativas do ponto de vista étnico.
Palavras-chave: Ditadura. Cultura disco. Soul music. Identidade cultural. Literatura comparada.
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