Educação domiciliar no Brasil: Uma política pública na contramão do direito à educação democrática
DOI:
https://doi.org/10.20952/revtee.v16i35.18815Palavras-chave:
Educação Domiciliar, Movimento Conservador, Terceira viaResumo
Analisamos as ameaças dos movimentos “conservadores” materializadas na aprovação pela Câmara dos Deputados, do Projeto de Lei 3.179, de 08 de fevereiro de 2012, que dispõe sobre a possibilidade de oferta domiciliar da Educação Básica. Com isso, permite que pais, mãe e/ou tutores e tutoras legais eduquem crianças em casa, sem que isso configure crime de abandono intelectual. Constatou-se que a onda conservadora proeminente, a partir de 2014, se baseia na ideia de desqualificar o pensamento freiriano, intervindo na perspectiva pedagógica e curricular advinda da luta dos movimentos sociais. Ademais, investigamos as bases documentais do Ministério da Educação, como a cartilha “Educação Domiciliar: um direito humano tanto dos pais quanto dos filhos”, que apresenta o homeschooling como uma modalidade de ensino dirigido pelos pais visando o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para a vida, exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho. Assim, recorremos às manifestações de entidades educacionais brasileiras comprometidas com uma educação pública, laica, crítica, reflexiva e inclusiva para ratificar como os “conservadores” vêm, insistentemente, retirando direitos sociais por meio de suas ações junto às políticas educacionais. Por fim, reforçamos que a proposta fere o direito constitucional de educação, quando se concede aos pais, leigos, a tarefa de educar seus filhos em casa e, com isso, retirar do Estado a obrigação de uma educação democrática para crianças e jovens.
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