n. 16 (2016): ISSN 2357-9145

					Visualizar n. 16 (2016): ISSN 2357-9145

A 16ª edição da Revista Boletim Historiar marca uma nova fase do periódico. Deixamos de ser uma publicação bimestral e adotamos a periodicidade trimestral, esperando assim melhor atender as demandas dos textos enviados. Isso nos possibilita empreender um trabalho de maior envergadura para continuarmos com uma contribuição de qualidade ao meio acadêmico. Para este novo número, apresentamos textos sobre historiografia, política, cultura e educação, confirmando nosso compromisso com a interdisciplinaridade.

O primeiro, em um artigo de história da historiografia brasileira, Luís César Castrillon Mendes faz uma análise do texto de Carl Friedrich Phillipp von Martius . Trata-se de um projeto de escrita da história da nação publicado na Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), em 1845. Essa publicação concorreu e ganhou o concurso oferecido pela instituição para selecionar o trabalho que melhor apresentasse a forma de se produzir uma História Geral do Brasil e que delimitasse a fronteira entre história antiga e moderna da nação. Tal processo ocorreu diante de uma política de construção e integração nacional, influência do iluminismo do século XVIII na concepção de história do IHGB, ao lado da especialização e profissionalização da disciplina histórica do XIX com usos metodológicos dos historicistas prussianos. Desta forma, Castrillon Mendes analisa os métodos para o trabalho com periódicos e realiza um debate epistemológico sobre a produção da narrativa histórica diante de sua cientificização.

Também sobre indivíduos, através da microhistória, Maria Luiza Pérola Dantas Barros realiza um trabalho de História Cultural ao analisar o caso de Nelson de Rubina diante dos torpedeamentos de navios mercantes no litoral sergipano em 1942, no contexto da Segunda Guerra Mundial. Com o ataque, corpos chegaram às praias de Sergipe e Rubina foi acusado de furto e vilipêndio para com uma destas vítimas. Sendo assim, a autora analisa o processo-crime deste personagem para observar o cotidiano aracajuano diante do cenário da II Guerra e do Estado Novo. Para isto, utiliza-se dos conceitos de homem novo, disseminado pelo governo de Getúlio Vargas, e de homem cordial, adaptado por Sergio Buarque de Holanda em Raízes do Brasil, na figura de Nelson de Rubina e da sociedade no qual estava inserido e suas contradições.

Ainda no âmbito da história nacional, mais especificamente no campo da História Política, Adriano Souza Vieira procura debater sobre as consequências das Reformas de Bases propostas entre 1960 e 1964, no governo de João Goulart e antecedente ao Golpe Civil-Militar de 1964, na construção de uma consciência histórica entre os brasileiros. Para tal, o autor utiliza-se do aporte teórico e metodológico da História do Tempo Presente e o conceito de cultura histórica a partir da perspectiva da Didática da História. Assim, o autor analisa aspectos políticos, econômicos e culturais relacionados às políticas planejadas por Goulart referente às Reformas de Base.

Também no campo do poder, o texto de Gabriel Almeida Miranda e Mariana Rupprecht Zablonsky nos traz uma breve análise do enclave Cabinda e sua relação com o Estado e o governo Angolano. Utilizando como fontes periódicos virtuais, resoluções e comunicados do Conselho Nacional do Povo de Cabinda, os autores buscam mostrar que as divergências entre as duas regiões perpassam por questões culturais, étnicas, políticas e econômicas, pontuando os principais motivos que levam Cabinda a reivindicar sua independência.

Dando continuidade, o texto de Elisabete Santos  possui como referencial metodológico e seus pressupostos a História do Tempo Presente e o campo da Didática e do ensino de História.  A autora realiza uma análise de dois livros didáticos, Temas do Brasil Contemporâneo e História e Historiografia Brasileira, que são utilizados como recurso didático do curso de História na modalidade à distância. Tendo como objetivo perceber similitudes e diferenças entre as representações elaboradas no interior da UFS sobre os cadernos de aulas, o texto traz algumas especificidades técnicas que os livros abordam, quanto à sua formatação, organização, escolhas didáticas e noções desenvolvidas por estudiosos sobre o livro didático tais como Roger Chartier e Itamar Freitas.

O mesmo faz Taysa Kawanny Ferreira Santos que também trabalha com o campo da Didática da História e do Tempo Presente. O seu artigo trata-se de uma revisão de literatura realizada nos sites Cielo, Capes e Domínio Público a cerca da produção científica que possuem como objeto de estudo ou tema as associações inglesas: Historical Association, Royal Historical Society e/ou suas revistas - Annual Bulletin of Historical Literature e English Historical Review. Tais associações inglesas, que surgiram nos séculos XIX e XX e mantêm-se até os dias atuais, são produtoras de discursos importantes sobre a Didática da História. Adotando a metodologia da História do Tempo Presente, a autora buscou “quem”, “quando” e “onde” se escreve sobre os fundamentos de uma Didática da História. O debate ao longo do seu texto é embasado nos pressupostos teóricos de autores Jörn Rüsen, Marc Bloch, Antonie Prost e Itamar Freitas.

Por fim, ainda temos Bruno Cesar Cursini em resenha sobre a obra A Folha de S. Paulo e o Governo Hugo Chavez (2002-2005), autoria de Tiago Santos Salgado.

Agradecemos a todos pela colaboração e apoio com submissões de textos e com a frequente divulgação do periódico. Desejamos uma boa leitura.

 

 Os editores.

Publicado: 2016-10-08